Na manhã seguinte, acordei com a claridade batendo na quina da janela improvisada. A brisa que entrava pelo vão cheirava a madeira e terra úmida. Ainda não era um cheiro bom, mas era melhor do que o mofo do ginásio.
June já estava de pé, organizando uma pilha de papéis num canto. Usava um coque malfeito e uma camiseta branca manchada de tinta. Quando percebeu que eu a observava, deu um leve aceno de cabeça — o máximo que ela fazia por um “bom dia”.
“Tem café na garrafa térmica,” avisou, sem tirar os olhos das planilhas.
“Obrigada.” Sentei na beirada da cama, tentando acordar de verdade antes de encarar o mundo lá fora.
Enquanto eu passava as mãos no rosto, notei um detalhe que me escapara no dia anterior: June tinha um quadro pequeno encostado na prateleira. Uma fotografia em preto e branco de uma mulher mais velha, sorrindo com delicadeza. Ao lado, uma vela gasta até a metade.
“É sua mãe?” perguntei, apontando.
Ela hesitou antes de responder.
“Minha avó,” disse, a voz mais baixa. “Fo