POV Matthias Kane
Fechei a porta do escritório com um estalo. O som reverberou nas paredes como um trovão contido. Gabe encostou na estante, braços cruzados. O rosto sério. Aquele olhar de soldado leal, mas pronto pra quebrar o pescoço de quem eu mandasse.
— Chicago está uma merda, — ele começou. — O carregamento sumiu, e a célula russa quer explicações.
— Qual célula? — minha voz saiu baixa, quase calma. Quase.
— Ivanov. E tem mais: descobriram que Bernardi tentou vender informações. Foi por isso que ele riu hoje no jantar. Ele já sabia que estava com os dias contados.
Fechei os punhos. Senti a cicatriz antiga da palma pulsar. O sangue parecia ferver.
— O Bernardi vai morrer antes do próximo nascer do sol. — Falei, seco. Definitivo.
Gabe assentiu. — Já mandei Enzo preparar o galpão.
Eu andei até o bar, peguei uma garrafa de whisky. Servi num copo pesado, sem gelo. Dei um gole. O fogo desceu rasgando a garganta. Gabe me observava em silêncio. Sabia quando não falar. Sabia que às vezes