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Capítulo 4 — A máscara cai por último

POV Sophia Sinclair

O cheiro do café chegou antes do som dos passos. Eu desci as escadas como quem entra num campo minado. A mansão estava silenciosa, impecável, como sempre. Nada fora do lugar. Nenhuma emoção visível. Tudo engomado, alinhado, sufocante.

E lá estava ele.

Matthias.

Sentado na cabeceira da mesa da cozinha gourmet como se fosse um quadro em preto e branco de um CEO condenado por excesso de poder e charme criminoso.

Camisa branca dobrada até os cotovelos. O cabelo molhado, recém-saído do banho. E a expressão… completamente neutra. Como se a madrugada de tensão no corredor tivesse sido um delírio só meu.

— Bom dia – soltei, sentando na outra ponta da mesa.

— Dormiu bem? – ele perguntou, sem tirar os olhos do jornal.

Ah, claro. Jornal físico. Porque o Matthias Kane não lê em tela. Ele rasga o mundo em páginas impressas enquanto decide quem vive, quem morre e quem merece café.

— Dormi como uma princesa… num castelo cercado por grades invisíveis.

Ele folheou uma página.

— Sempre dramática.

— Sempre tirano.

O mordomo — sim, havia um mordomo, porque claro que havia — me serviu café sem que eu pedisse. Estava quente. Forte. Amargo. Quase tão intenso quanto o homem sentado à minha frente.

Matthias ergueu o olhar por um segundo.

— Vai sair hoje?

— Você quer saber ou está perguntando só pra ter o prazer de dizer “não”?

Ele pousou o jornal. Finalmente.

— Preciso que esteja pronta às 14h. Vamos sair.

— Ah, que fofo. Um encontro? — sorri. — Vai me levar pra conhecer sua rede de lavagem de dinheiro? Ou hoje é dia de tráfico de influência?

— Reunião. Em Long Island.

— Você sempre leva suas... responsabilidades pra reuniões?

Ele se inclinou na cadeira. Um movimento mínimo. Mas a tensão que isso trouxe me fez travar a respiração.

— Você está sob minha custódia. Vai onde eu for, quando eu quiser.

— Engraçado… isso soa mais como um relacionamento abusivo do que como proteção.

Ele ignorou. Claro que ignorou. Matthias Kane ignora o que não consegue controlar.

— Vista algo sóbrio. Discreto. Profissional.

— Ah, então nada que mostre o pecado que você insiste em fingir que não vê?

O garfo dele pousou no prato com um estalo seco.

— Sophia.

— Matthias.

Nos encaramos. O café esfriava. O mundo parava.

Até que ele soltou, com a voz firme, como se me avisasse:

— Cuidado.

— Com você? Sempre. – sorri, pegando a xícara com calma. — Mas nunca o suficiente para parar.

Ele ficou me olhando por longos segundos. O tipo de olhar que carrega promessas que nunca deveriam ser feitas em voz alta.

Quando ele falou de novo, a voz estava baixa, mas firme:

— Se cruzar meu limite de novo... eu não vou parar.

Dei um gole no café. Olhei direto pra ele.

— Então não finja que existe um.

***

O relógio marcava 13h47.

No espelho, uma mulher me encarava com a calma de quem já decidiu que, se fosse queimar no inferno, iria montada num salto e rindo alto.

O vestido era preto. Tubinho justo, gola alta, recorte nas costas. Comportado o suficiente pra não escandalizar, sensual o bastante pra deixar Matthias Kane sem ar por meio segundo — e só meio, porque o orgulho dele não permitia mais.

Cabelos presos num coque limpo. Brinco pequeno. Batom nude. Perfume amadeirado com fundo doce. Sofisticada. Estratégica. Letal.

Bati a porta do closet e saí do quarto como se o corredor fosse minha passarela particular.

E dei de cara com Gabe Kane, encostado na parede, braços cruzados, camisa preta dobrada, sorriso sacana no rosto como se tivesse sido contratado exclusivamente pra me provocar.

— Uau – ele assobiou, erguendo uma sobrancelha. – Vai destruir corações ou arruinar vidas hoje?

— As duas coisas, se der tempo – respondi, passando por ele.

— Então vai perfeita. O Matthias vai surtar internamente. Externamente ele vai só dizer “troque de roupa” com aquele tom de “sou um iceberg de ressentimento contido”.

— Ele pode pedir. Não significa que eu vou obedecer.

— Essa é minha garota – Gabe sorriu, andando ao meu lado até o hall. – Sabe que ele só está resistindo porque prometeu pro seu pai, né?

Parei. Olhei pra ele. Frio.

— E você sabe que esse é exatamente o problema.

Ele sorriu de lado. Um sorriso mais sombrio.

— E se ele quebrar a promessa... vai te destruir. E vai se destruir junto.

— Isso nunca foi sobre amor, Gabe. Não quero nada com o seu irmão. A única coisa que eu quero, é sair de perto dele o mais rápido possível. 

— Ah, não? – ele inclinou a cabeça. — Porque olhando vocês dois… não é o que parece. 

A buzina do carro ecoou pela garagem.

Gabe apontou pra escada.

— Hora do espetáculo. Mas me avisa se quiser fugir no meio. Eu escondo você num cassino russo em Vegas.

— Anotado.

Desci os últimos degraus e lá estava ele.

Matthias.

Encostado no carro como se fosse parte da lataria preta. Terno cinza grafite, gravata preta, óculos escuros, mãos nos bolsos. Parecia uma ameaça institucionalizada. Uma sombra disfarçada de homem.

Ele me olhou por cima dos óculos.

De cima a baixo.

Sem expressão.

Mas a respiração dele...
Ela entregou tudo.

— Está atrasada – ele disse.

— São 13h58. Ainda tenho dois minutos pra te irritar.

Ele abriu a porta do carro com um gesto quase teatral.

— Entra.

Entrei.

O carro tinha cheiro de couro caro, silêncio calculado e tensão sexual sufocante.

Ele deu a volta e entrou também. Ajustou o cinto. Ligou o motor.

— Se você usar esse tom comigo de novo na frente das pessoas...

— Vai fazer o quê? Vai me tirar do evento no colo?

Ele me olhou de canto. Um músculo no maxilar saltou.

— Você não faz ideia do que eu sou capaz.

— E você finge muito bem que não quer fazer nada.

Ele acelerou. E o carro partiu.

Na estrada, só o som do motor e o cheiro dele. E o fato de que cada centímetro naquele banco me fazia querer encurtar a distância.

Ele não disse mais nada.

Mas o jeito que segurava o volante, com os dedos tensos e a mandíbula travada...
Dizia tudo.

***

O carro parou em frente a uma mansão tão grande quanto desnecessária, cercada por colunas romanas e gente de terno que carregava armas no coldre como se fossem canetas.

— Respira – ele disse.

— Eu respiro. Você que parece engasgado com a própria obsessão.

Matthias me olhou. Daqueles olhares que tiram o ar sem encostar um dedo.

— Você vai ficar ao meu lado o tempo inteiro. Sem provocação. Sem piadas. Sem sumir.

— Com medo que eu me perca? – sorri, colocando o salto no asfalto.

— Com medo que alguém me faça matar por você.

Arregalei um pouco os olhos. Ele saiu do carro antes que eu pudesse responder, e abriu a porta do meu lado. Como um cavalheiro. Como o diabo disfarçado.

— Se você se afastar de mim, pelo menos cinco passos, alguém vai te notar.

— E daí?

Ele se inclinou, a boca próxima demais do meu ouvido.

— E daí que eu vou quebrar alguém no meio no meio de um jantar com diplomatas internacionais.

Me arrepiei inteira. Mas fingi calma.

— Matthias… se você não quer que pensem que somos um casal, talvez parar de ameaçar o mundo em nome da minha honra seja um bom começo.

Ele segurou minha cintura. Firme. Quente. Territorial.

— Eu não me importo com o que eles pensam. Eu me importo com quem ousa olhar pra você como se eu não estivesse ao seu lado.

Parei.

— Você sabe que tudo isso soa como…

— Obsessão? – ele me cortou.

Assenti.

Ele deu um sorriso frio, sem dentes. Só sombra.

— Não é obsessão, Sophia. É instinto. Eu protejo o que está sobre minha responsabilidade. 

— Eu não sou sua responsabilidade.

— É sim. Desde o momento em que seu pai saiu do país. Quer você queira, quer não.

***

Dentro da mansão, a elite do crime e do capital se misturava em vestidos caros, ternos de linho e taças de cristal. Tudo tão limpo que dava até medo. A tensão começou antes mesmo de eu abrir a boca. Os olhares. Todos em mim.

E Matthias ali. Ao meu lado. Ombro com ombro. Como um escudo de carne, luxo e ameaça pura. Um homem se aproximou. Cabelos grisalhos, terno azul petróleo, anel de rubi. O tipo que manda matar com um gole de whisky e um aceno sutil.

— Kane. Que surpresa. E essa…?

Antes que eu pudesse dizer um “oi”, Matthias respondeu:

— Minha responsabilidade.

O jeito que ele disse isso… Como se fosse código. Como se quisesse gritar “não toquem”. O homem sorriu.

— Ah… responsabilidade. Entendi.

Ele não entendeu porra nenhuma. E foi embora com um sorriso de quem já espalharia o boato antes da próxima rodada de champagne.

Me inclinei discretamente pra Matthias.

— “Responsabilidade”? Sério? Nem “acompanhante”? “Sócia”? “Seguidora do culto Kane”?

— Eu prefiro “propriedade”, mas achei que você surtaria.

— Sabe, com esse vocabulário, você devia abrir uma seita.

Ele virou o rosto pra mim. O olhar dele me prendeu pelo pescoço.

— Se eu abrir uma… você será a primeira a se ajoelhar.

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