Em meio à penumbra do seu escritório, Pedro girava o copo de whisky, o líquido âmbar dançando sob a luz fraca. Cada movimento parecia ecoar o vazio que Ana havia deixado. A voz do Dr. Albuquerque ao telefone, ainda estava gravada em sua mente. "Sua esposa, Sra. Ana, pediu o divórcio com causa justificada", as palavras do advogado ressoaram como um veredito.
Um arrepio percorreu-lhe a espinha ao lembrar da expressão de Ana, ou do que ele conseguia se lembrar dela antes que ela fosse embora. A fúria em seus olhos, a dor indisfarçável, tudo por causa de Sofia. O favoritismo e, pior ainda, a cena que Ana presenciou — ele e Sofia em um abraço, a imagem distorcida de uma amizade confundida por uma gentileza mal interpretada. O "amasso" na poltrona. A verdade era que Sofia estava doente, fragilizada, e Pedro, em sua tentativa de ser um amigo, havia confundido os limites.
Ele se sentia afundar, como se as rédeas da própria vida estivessem escorregando por seus dedos. Onde Ana estaria agora? E