Mundo ficciónIniciar sesiónEthan Chang
Pego minhas coisas e saio da sala em direção ao elevador, fiquei trabalhando até tarde revisando alguns projetos e estou exausto. Assim que as portas se abrem anunciando a chegada ao estacionamento vejo algo que me deixa completamente paralisado. Ao longe Sophia está sentada no chão, com o rosto entre as mãos e parece estar chorando. Corro em sua direção com o coração quase saindo pela boca, nem eu mesmo consigo entender minha reação, apenas quero chegar até ela o mais rápido possível. Me ajoelho à sua frente e pego seu rosto em minhas mãos examinando em busca de algum ferimento.
Pergunto o que aconteceu, mas ela apenas chora e balança a cabeça em negativa. A envolvo em meus braços e ela deita a cabeça no meu peito chorando baixinho. Fico sentado acariciando seus cabelos e o cheiro dela me envolve. Sophia cheira divinamente bem, uma mistura misteriosa que me entorpece os sentidos. Seu corpo macio se molda perfeitamente ao meu e mesmo ela estando nessa situação, o sem noção do meu pau está mais duro que aço. Peço aos céus que ela não veja o volume em minha calça. Se controla porra! Grito mentalmente mirando entre minhas pernas.
O tempo vai passando e não tenho a mínima vontade de me afastar dela. Minha camisa está completamente ensopada por suas lágrimas, mas não me importo. As únicas duas mulheres ao qual permito proximidade, são mamãe e Eva, irmã mais nova do Benjamin. Não á vemos há três anos, mas tanto Andrew quanto eu, a consideramos nossa irmãzinha caçula. Nossa menininha ficou fora do país estudando por alguns anos e agora está em Paris curtindo a vida um pouco, antes de voltar para casa e se juntar a nós na TechBuilders.
Como eu dizia, não permito proximidade com mulheres. Todas tendem a confundir uma trepada rápida, com um pedido imaginário de casamento. Transo e vou embora, nada de fazer carinho depois do sexo, dormir de conchinha ou ligar no dia seguinte. Não tenho nada contra relacionamentos, apenas não tenho e não quero, me envolver emocionalmente com ninguém. Então, me digam a razão de não querer ficar longe da senhorita Taylor e porque quero prolongar esse momento?
Ainda não sei o motivo que a deixou assim, mas pretendo descobrir logo. Só espero que não seja por nenhum filho da puta porque se for, é bom que ele suma da vida dela e não volte mais, ou vou ter uma conversinha nada amigável com o infeliz. Continuo divagando perdido em meus pensamentos quando Sophia se afasta de mim, sinto falta do seu calor instantaneamente. Suas feições ficam deliciosamente coradas enquanto ela esboça um pedido de desculpas.
— Você está bem? — Pergunto a ignorando.
— Sim, só preciso ir para casa. Obrigada por tudo e me desculpe pelo transtorno. — Diz envergonhada enquanto pega suas chaves que estão caídas no chão. Quando me dou conta de que ela está indo embora, me apresso em dizer algo para mantê-la mais um pouco comigo.
— Senhorita Taylor, não posso deixar que vá para sua casa, dirigindo nessas condições. Você acabou de ter uma crise nervosa, se dirigir assim provavelmente vai acabar causando ou sofrendo um acidente. Venha, eu te levo para casa. — Tento manter minha voz calma, para que ela não perceba minha ansiedade e retiro as chaves da sua mão. Sophia me olha perplexa.
— Senhor... eu agradeço a sua preocupação, mas eu posso dirigir perfeitamente, não se preocupe. — Tenta argumentar, mas eu a corto.
— Sophia, eu disse que vou levá-la até a sua casa. Você não está bem, então não discuta. Agora vamos, entre no meu carro e pare de reclamar. — Começo a andar e sei que nesse exato momento, ela deve estar me xingando até a terceira geração. Olho para trás e vejo que ela não está andando, levanto uma sobrancelha em questionamento e Sophia revira os olhos me seguindo.
Entramos no carro e pergunto onde seu apartamento fica, ela responde e encosta a cabeça na janela do carro se perdendo em seus pensamentos. Não conversamos durante o curto trajeto, apenas aproveitamos a companhia um do outro. Pela minha visão periférica, pude perceber seu semblante triste e isso me causou um desconforto em meu peito. Não gosto de vê-la triste, mesmo conhecendo-a há apenas um dia, já sinto falta da sua boquinha inteligente. Faço a última curva e estaciono em frente ao seu prédio, uma sensação estranha toma conta de mim e mais uma vez não me sinto pronto para dizer adeus.
— Obrigada pela carona senhor Chang. Sinto muito por tê-lo incomodado. — Diz virando-se em minha direção.
— Não foi incomodo algum, senhorita Taylor. Eu não poderia deixar que dirigisse naquelas condições. — E também, queria desfrutar um pouco mais de sua companhia, acrescento mentalmente.
— Tudo bem... é... Boa noite, senhor, Chang. — Me olha um pouco sem jeito e desce do carro. Desço também.
— Está tarde... eu vou acompanhá-la até o seu apartamento. — Digo a primeira coisa que vem em minha mente para justificar meu comportamento e ela mais uma vez me olha incrédula, mas não discute.
Andamos em silencio, Sophia cumprimenta o porteiro assim que entramos, pega suas correspondências na portaria e seguimos até o elevador. Entramos na caixa de metal e ela aperta o botãozinho do quinto andar. O silencio só é interrompido pelo som do seu celular tocando, mas ela o ignora e logo as portas do elevador se abrem anunciando nossa chegada ao quinto andar. A acompanho até a porta do seu apartamento e agora não tenho mais como prolongar isso, me preparo para dizer adeus enquanto Sophia procura pelas chaves dentro da bolsa. Seu celular volta a tocar e ela pega o aparelho nas mãos, na mesma hora vejo seu rosto ficar pálido.
— Eu preciso atender... — Me informa e leva o aparelho ao ouvido. — Sim? — Diz com a voz fraca e percebo que está tremendo.
— Não... — Sua voz não passa de um sussurro agora eu começo a ficar preocupado.
— Por favor... deve haver um engano... — Seus olhos se enchem de lágrimas e eu fico desesperado sem saber o que está acontecendo. — Tu... tudo bem... Obrigada. — Fala ao encerrar a ligação.
— Sophia? Está tudo bem? — Pergunto um pouco receoso.
— A mi... minha mãe... ela... ela morreu... — Começa a chorar desesperadamente e se j**a em meus braços. Abraço Sophia com força e meu peito mais uma vez se aperta em ver o seu sofrimento.
Pego as chaves da sua mão e abro a porta do apartamento, a levo até um sofá marrom clarinho e faço com que se sente. Dou uma olhada em volta do lugar, as paredes são pintadas em um tom de beje um pouco mais claro que o sofá, os moveis são brancos, um balcão de mármore separa a cozinha e a sala. Ao lado da sala um pequeno corredor com três portas e atrás da cozinha, uma porta de vidro separando a lavanderia. Apesar de ser pequeno, o apartamento é muito bem decorado e aconchegante. As cores trazem uma sensação de paz e os móveis, um ar moderno.
Sento-me ao seu lado e envolvo seu corpo em meus braços. Acaricio seus cabelos e falo palavras de conforto, não consigo imaginar o que ela está sentindo nesse momento. Então percebo o quanto fui idiotar, ao deduzir aquelas coisas no estacionamento. Ela devia estar preocupada com a mãe e eu me comportando como um escroto. Me chuto mentalmente pelas minhas idiotices.
— Eu sinto muito Sophia... eu realmente sinto muito... — Ela apenas assente e continua a chorar.
Aos poucos seus soluços começam a diminuir, até o choro cessar completamente. Afasto Sophia do meu peito e olho dentro dos seus olhos, fico momentaneamente hipnotizado com a profundidade daquelas piscinas azuis. É como se eu estivesse vendo o céu límpido depois de uma tempestade. Pisco tentando me manter ao presente e enxugo algumas lágrimas da sua face. Ela apenas me observa um pouco envergonhada. Me levanto do sofá e caminho até a pequena cozinha em busca de um pouco de água, volto e entrego o copo em suas mãos.
— Beba um pouco Sophia, vai te fazer bem. — Incentivo e ela dá um pequeno gole.
— O... obrigada senhor Chang... eu... eu sinto muito por fazer o senhor presenciar isso...
— Sophia por favor, não precisa se desculpar por nada. Se precisar de qualquer coisa, seja o que for, eu estarei aqui para te ajudar, está bem? — Seguro suas mãos e falo o que realmente sinto.
— Eu... eu preciso ir até o hospital. Meu carro ficou no estacionamento...
— Não se preocupe, eu vou te levar até lá.
— Não quero incomodar ainda mais. Posso pegar um táxi...
— Hoje está sendo um dia difícil para você, não precisa ser forte sozinha. Eu estou aqui e não vou a lugar algum. Deixa-me te ajudar? — Seus olhos se encontram com os meus e prendo a respiração esperando sua resposta.
— Sim. — Respiro aliviado a abraçando novamente.







