RUBY RADCLIFFE
Já haviam servido o jantar, os talheres repousavam sobre os pratos vazios como armas depois da batalha. As taças brindadas, os discursos encerrados, os risos altos e os sorrisos discretos agora preenchiam todos os cantos do salão.
O bolo havia sido cortado — a faca embebida em chantilly, a minha mão sobre a do meu marido, o clique dos fotógrafos eternizando o gesto.
Herodes, como esperado, não reapareceu depois do ocorrido, mas ninguém também perguntou, bem, eu cheguei a comentar com a minha mãe, mas ela havia dito: há coisas que não se menciona em dias felizes, como um dente quebrado em um sorriso ou uma ameaça num buquê.
Os convidados já dançavam. As luzes baixaram e os reflexos se multiplicavam nas taças, nos brincos, nos olhos levemente bêbados de madrinhas cansadas. O DJ assumira o comando com um repertório escolhido por mim, mas previamente aprovado por ele, nada vulgar, tudo elegante, entretanto, frenético com classe.
Estávamos de pé ao canto da pista, sentados p