RUBY RADCLIFFE

Casei.

Aquela palavra que parecia tão distante há alguns meses, tão escorregadia no paladar quando dita em voz alta, agora não era mais futuro, nem projeção. Era pele. Era anel. Era nome. Era homem ao meu lado.

E eu não podia sentir-me mais… inteira, nem que tentasse, e eu não sei como tive dúvidas.

Nos dias anteriores, tudo parecia uma espécie de vertigem, quase como uma dança na qual o corpo ia, mas o pensamento ficava em suspensão. Eu sorria, cumpria as etapas, provava flores, testava perfumes, revia listas, mas, no fundo… eu estava em estado de espera. Como quem entra num comboio sem saber se o destino existe mesmo, e ainda assim, embarca. Porque há algo irrevogável em amar alguém como Harry, algo que não se explica, somente consome, e como eu tinha medo…

E agora? Agora eu não conseguia parar de sorrir.

As pétalas começaram a cair quando cruzamos o corredor de flores, as mãos dos convidados que antes aplaudiam o ritual, agora lançavam sobre nós uma chuva de cores vi