Ele é herdeiro de uma das mais poderosas empresas de advocacia do país e um advogado com a carreira em ascensão; Ela esforça-se para terminar a faculdade; Ele mora em uma mansão digna dos filmes de Hollywood; Ela mora em uma casa anexada à mansão dele, trabalhando vez ou outra junto à mãe cozinheira para servir a influente família dele. Dois mundos diferentes se entrelaçam e proporcionam a descoberta de um sentimento intenso. Se o amor realmente supera barreiras, eles terão que descobrir.
Ler maisPassei as mãos no rosto e bufei, cansado. Sentei-me em uma das poltronas que ali ficavam e eu acendi um cigarro, tragando-o como se o ato tivesse a capacidade de fazer sumir a tal sensação esquisita.Permaneci mirando o nada por não sei quanto tempo, contudo, despertei ao ver Helena sair com um saco preto em mãos, o deixando dentro do compartimento fixado à parte mais afastada da casa. De longe, enxerguei Bento correr até ela, que se abaixou para brincar com o cão saltitante. O Pastor Alemão ergueu a cabeça e detectou a minha presença mais afastada, iniciando uma onda de latidos enérgicos que obrigou Helena a seguir o som agudo à procura do que o deixava tão agitado, logo me alcançando com o seu olhar. Ao contrário do que lhe era usual, a garota não sorriu ou acenou. Ela simplesmente voltou a prestar atenção no Bento como se nem houvesse me visto, me ignorando prontamente. Tal atitude não era normal, o que me motivou a levantar-me e rumar ao lugar em que Helena e o meu cachorro se en
- Eu sei que não é da minha conta, mas não acho uma boa ideia você voltar para casa dirigindo – ele desviou a atenção da vista à frente e me fitou, fazendo com que o seu olhar encontrasse com o meu, que o encarava. A meia luz iluminava o seu rosto, os seus olhos opacos pareciam querer desvendar os meus através da ausência de som. Por alguns instantes eu me senti desconcertada, a sua análise curiosa e silenciosa fez algo se desorganizar dentro de mim e eu queria muito que, seja lá o que fosse, parasse imediatamente. Como em um lampejo John voltou a se concentrar no horizonte de prédio e luzes, quebrando aquele estranho contato visual. Eu pisquei algumas vezes também voltando à realidade e sentindo o meu rosto esquentar.- Vou pedir um táxi e amanhã venho buscar o carro – respondeu a minha pergunta anterior, tomando o último gole da água que eu havia lhe trazido.Eu assenti silenciosamente e resolvi que era hora de sair dali e procurar pela Sophie, apesar de ter uma noção sobre onde – e
Cassie praticamente fingia que não me conhecia e me ignorava todas as vezes em que eu tentava falar com ela. Era surreal. Ela tinha o direito de ficar brava, eu não podia mudar isso, entretanto, aquela atitude birrenta excedia todos os limites. Estava encostado na sacada de vidro e imaginei que a minha expressão não era das melhores, pois o Paolo vinha me perguntar se estava tudo bem de cinco em cinco minutos, mesmo eu afirmando em todas elas. Avistei Cassie chegando perto de mim e a acompanhei com o olhar conforme ela se aproximava.- Vou embora com a Suzi e dormirei na casa dela – avisou como se não fosse nada demais me lançando um sorriso petulante.Dei uma risada de escárnio e a olhei incrédulo.- Você não está falando sério.- Pode apostar que eu estou – retrucou com o sorriso perdurando em seu rosto.- Mas que caralho, Cassie! Para com essa merda, já deu. Olha só o que você está fazendo – disse, tentando controlar o tom de voz, embora soubesse que a minha expressão esbanjava irr
John’s POVEu me sentia extremamente sem paciência.O que era para ser um dia agradável na companhia dos meus amigos acabou se transformando em um stress que poderia – e deveria – ser evitado, se não fosse Bryan e a sua infantilidade. Falar daquela forma com a Helena foi desprezível, ela havia ficado desestruturada e eu me incomodei com o pesar em suas feições enquanto ouvira as provocações do meu amigo, por isso, decidi intervir, embora tenha sido tarde demais levando em conta o tapa que a garota deu nele. Para ser sincero, fiquei admirado com a sua coragem em falar daquela forma tão confiante.Geralmente eu presenciava as provocações de Bryan direcionadas a ela, que sempre rebatia dignamente, e tudo o que eu fazia era observar o seu posicionamento diante do comportamento imaturo do meu amigo – comportamento este que eu reprovava plenamente – Eu já pensei em repreendê-lo diversas vezes, entretanto, Helena habitualmente tomava as rédeas da situação e se defendia muito bem, era interes
Direcionei-me à minha casa extremamente desanimada e frustrada, amaldiçoando Bryan por ter acabado com o meu bom humor, além de ter criado todo esse drama desnecessário quando tudo o que ele deveria fazer era fingir que eu não existo, tal como já havia feito tantas outras vezes. Joguei a minha bolsa em um canto da sala e pulei no sofá, fechando os olhos e sentindo o meu corpo relaxar, apesar da minha cabeça me torturar com uma dor desagradável. De repente me recordei do dia em que Bryan falara comigo pela primeira vez.FLASHBACKEncarava esgotada a terceira página de exercícios de matemática, sentindo o meu pulso doer de tanto escrever, anotar e apagar. Estava sentada em uma pequena mesinha que eu havia colocado na varanda para que estudar nos dias quentes ficasse mais agradável. Havia passado a tarde toda estudando, o último ano do colégio estava extremamente puxado e eu fazia o máximo para conseguir absorver todas as matérias, haja vista que tudo o que eu desejava era entrar na facu
— Oi, mãe. - depositei um beijo em seu rosto e sentei-me no sofá a sua frente.— Oi, filho. Chegou agora? - perguntou, me observando por cima do livro.— Agora a pouco. - respondi, jogando a cabeça no encosto do sofá e afrouxando a gravata que parecia querer me sufocar. — e você? Chegou do escritório há muito tempo?—Sim, cheguei há algumas horas.— Não está se esforçando demais, certo? O doutor deu ordens claras para você se cansar o mínimo possível.- a adverti me referindo aos seus desmaios recorrentes. — Eu estou bem, filho. Ficaria pior estando em casa sem fazer nada. Agora me responda... O que você estava falando com a filha da Mary?- levantei a cabeça e a olhei sem entender. Como ela havia visto? Eu não me importava que ela visse, não tinha nada a esconder, porém, chamar a minha atenção por algo tão banal me parecia bem incoerente.— Fui buscar o Bento que estava com ela. - continuei a encarando curioso e meio incerto sobre a sua pergunta repentina.— Hm. Desde quando vocês co
John’s POVEu elaborava a tese de defesa do meu cliente estudando minuciosamente todos os argumentos que poderiam ser utilizados a fim de conseguir sua absolvição. Este seria o meu primeiro caso com cobertura da mídia, e isso estava me deixando um tanto quanto nervoso, afinal, a acusação leva uma vantagem muito grande, visto que é mais fácil acusar do que defender. Lee Feldmann era empresário e havia sido acusado de assassinar o banqueiro Mason Zummack, mas estava bem nítido que por trás disso havia alguém querendo incriminá-lo por meio de uma falsa acusação, e eu não permitiria que uma condenação injusta levasse um inocente para a cadeia. Eu havia conseguido uma revogação da sua prisão preventiva, porém, ele ficaria em prisão domiciliar até o dia do julgamento. Larguei os papéis sob a mesa por alguns segundos e apoiei os cotovelos nela. Massageei as têmporas e soltei um suspiro cansado, repassando tudo o que me fora dito a respeito do dia do assassinato de Mason.O crime ocorreu em u
John’s POV— Esse relatório está incompleto, Thompson! - Chamei a atenção de um dos advogados do escritório pela milésima vez. Meu pai deixava os documentos de diversos casos sob minha responsabilidade sempre que ele viajava, o que eu sabia que gerava inúmeros comentários sobre eu ter preferência ou abusar do poder, já que era filho do dono. Não me importava com isso, afinal, eu era realmente muito bom no que fazia, e, conhecendo o meu pai – que venerava seu trabalho como um bom workaholic* – ele não me deixaria no comando de nada caso soubesse que eu não possuía competência para tal. Eu também tinha consciência de que todos – senão a maioria – das pessoas me denegriram pelas minhas costas por eu repreendê-los. Bom, se você percebe que algo está errado, ou extremamente longe do seu melhor, você toma as devidas providências, não é mesmo? O mais interessante de tudo é que essas mesmas pessoas que me criticam em minha ausência, puxem meu saco quando estou presente. Incoerente? Eu sei
O domingo amanheceu ensolarado, embora a temperatura não estivesse alta. O céu estava limpo e extremamente azul, nem parecendo que uma forte chuva caíra na noite anterior. Eu brincava com Bento no gramado descampado há horas, já me sentia cansada e com dor nas pernas – sedentarismo mandou olá, Helena – não vendo um mísero sinal de exaustão no pastor alemão, que procurava a bolinha que eu acabara de jogar. A casa estava vazia, pois, mais cedo, todos foram tomar café da manhã fora e acompanhar o senhor Henrico ao aeroporto, pois ele viajaria dali a poucas horas.— Não, Bento! Na lama não. - corri para tentar alcançá-lo e impedi-lo de ir para o jardim, caso contrário, o estrago seria muito feio. —BENTO, VOCÊ QUER ME VER MORTA? VOLTA AQ… - ia terminar de gritar pelo cão que corria feliz em direção ao seu destino proibido, até que tropecei nos meus pés, caindo igual abacate cai do pé. Como em um passo mágica, Bento parou imediatamente de correr e olhou para trás, e acredite, se cachorr