Victor não tinha a intenção de voltar mais cedo para a cobertura. O dia havia sido intenso, e ele ainda pensava em revisar relatórios antes de subir. Mas algo — talvez o desejo de ver Alicia antes do anoitecer — o fez pegar o elevador direto ao último andar.

A porta se abriu silenciosa. Alicia não o ouviu entrar. Estava na sala, sentada em uma das poltronas próximas à grande janela envidraçada, com o celular encostado à orelha e a voz baixa, quase um sussurro. Ela estava descalça, com os cabelos soltos e uma blusa dele — larga demais para o corpo delicado, mas que a tornava ainda mais irresistível aos olhos de Victor.

Ele parou. Não por querer ouvir, mas porque, ao ouvir seu nome, sentiu o mundo balançar sob os pés.

— ...ainda não conversamos sobre isso, Lorena. É um assunto difícil — dizia Alicia com a voz embargada.

Victor franziu o cenho, não ousando dar um passo sequer.

— Eu… não sei como ele vai reagir. Não sei se ele será o mesmo ao descobrir que será pai…

Um silêncio.

Victor se