As semanas seguintes foram uma verdadeira montanha-russa de emoções. A guerra contra o pai de Pravat já não era apenas uma disputa fria de poder. Estava se tornando uma tormenta pessoal, um vendaval de ressentimentos que soprava por todos os lados, corroendo certezas, desafiando limites. A batalha era travada em duas frentes: no campo público, onde a imprensa, alimentada por vazamentos seletivos e manchetes tendenciosas, fazia questão de transformar cada passo do casal em espetáculo; e no íntimo do coração de Pravat, onde as palavras ditas pelo pai, dias antes, reverberavam como ecos letais, abrindo rachaduras em sua convicção.A mente de Pravat era um campo minado. Em cada lembrança de infância, agora parecia haver uma armadilha. Seu pai, outrora um símbolo de sabedoria, revelava-se mais um arquétipo de controle do que um guia. O peso da responsabilidade herdada, misturado à dor da traição, era como uma âncora lançada ao fundo de um mar revolto: puxava-o para baixo a cada nova invest
A noite anterior ao confronto com sua tia foi longa e angustiante. Pravat não conseguia tirar da cabeça o que Sinn havia revelado: sua própria tia, a pessoa que ele mais respeitava em sua família, estava tentando destruir sua vida. Era difícil de acreditar. Uma mulher que sempre estivera ao seu lado, que o abraçava nos eventos da empresa com aquele ar de proteção maternal… agora era a mente por trás de tudo que ameaçava sua liberdade, sua carreira e o amor de sua vida.Ele sabia que precisava estar preparado para o pior, mas a dor de ser traído por alguém tão próximo era mais forte do que ele gostaria de admitir. Pravat nunca fora ingênuo — crescera cercado por poder, manipulação e aparências — mas ainda assim, nunca imaginou que a traição viria de dentro da própria casa.Bela, que estava com ele durante toda a preparação, percebia o peso que tudo isso estava causando. Embora ele tentasse manter a compostura, os olhos de Pravat denunciavam o turbilhão que ele tentava esconder.— Não p
A vitória de Pravat e Bela foi amarga.Embora a tia de Pravat tivesse sido desmascarada e afastada de sua posição dentro da Silken, o peso da luta estava longe de ser aliviado. Eles haviam vencido uma batalha importante, mas a guerra continuava — e o que parecia ser um marco de alívio estava se transformando em uma sequência ainda mais delicada de complicações. A sensação de justiça não era suficiente para curar as feridas ou dissipar as sombras que se acumulavam ao redor deles.Nos dias que se seguiram, a pressão sobre Pravat aumentou consideravelmente. Embora a imprensa estivesse repercutindo o escândalo com entusiasmo, e a equipe da Silken tentasse manter a estabilidade, Pravat sabia que nada ali era sólido. Sua tia era poderosa, sim — mas mais perigosa ainda era a rede de aliados que ela cultivara ao longo dos anos. Pessoas que ainda estavam à espreita, silenciosas, talvez aguardando o momento certo para atacar novamente. Ele podia sentir esses olhares invisíveis no ar, como respi
Pravat não conseguia parar de pensar nas palavras de Bela. A revelação de que seu pai estava envolvido em discussões secretas sobre a sucessão da Silken o deixara inquieto. Por toda a vida, ele havia visto o pai como uma figura honrada — um homem que se opunha firmemente aos jogos de poder e à manipulação, especialmente àqueles representados por Sinn, sua tia. Mas agora, essa imagem desmoronava pouco a pouco, revelando rachaduras profundas e verdades incômodas. Era como se uma nova versão de seu pai surgisse a cada página que lia — uma versão que ele nunca conheceu, talvez nem quisesse conhecer. Camadas de segredos vinham à tona, e com elas, um pressentimento incômodo: talvez houvesse mais do que ele estava preparado para enfrentar.O arquivo que Bela encontrara era um registro de uma reunião confidencial, realizada entre os membros mais influentes da família e do conselho administrativo da Silken. Nomes importantes estavam presentes — incluindo o de seu pai. Durante toda aquela noite
A revelação da carta de sua tia deixou Pravat em um estado de turbilhão. Ele não conseguia processar tudo o que acabara de descobrir. Sua tia, sempre tão manipuladora e astuta, estava envolvida em algo muito maior do que ele imaginara. Ela não queria apenas o controle da Silken, mas algo mais profundo, algo que se estendia além da empresa. Era uma luta por poder, por domínio sobre verdades enterradas, que tocava as esferas mais sombrias e secretas da família Kumchai.Durante dias, Pravat praticamente não saiu do apartamento. Ele passava horas sentado no chão da sala, cercado por pilhas de documentos, cartas antigas e registros confidenciais, todos cuidadosamente espalhados em volta de si. Na mesa, fotos borradas de reuniões, registros de transferências financeiras suspeitas, bilhetes com frases cifradas. Tudo parecia interligado, mas ainda escapava por entre os dedos como areia fina.Bela o acompanhava incansavelmente. Estava exausta, mas mantinha a compostura, mesmo quando o desesper
O cofre foi apenas o início.Com as gravações em mãos e os documentos escondidos em um HD criptografado, Pravat, Bela e Sinn passaram os dias seguintes analisando cada detalhe. Descobriram nomes, contas bancárias, empresas de fachada. O Projeto Kinnaree tinha sido testado em regiões rurais do Sudeste Asiático, com a promessa de roupas inteligentes que controlavam a temperatura corporal e protegiam contra doenças — mas, na verdade, monitoravam, influenciavam impulsos e mapeavam emoções com algoritmos invasivos.Bela começou a montar um dossiê para ser entregue a jornalistas investigativos, enquanto Sinn cuidava da segurança digital. Mas algo não estava certo. Nos últimos dias, arquivos sumiam do computador de Bela. Algumas mensagens chegavam com atrasos, outras eram interceptadas antes mesmo de ela lê-las.— Tem alguém nos observando — disse Sinn, com os olhos cravados no notebook. — E não é qualquer um. Estamos lidando com profissionais. Isso aqui é protocolo militar.Pravat se levant
A noite caía como um véu de silêncio sobre Bangkok, mas nem mesmo a escuridão era capaz de esconder o que se movia nas sombras. Havia algo diferente naquela noite — o ar parecia mais denso, como se pressentisse o que estava por vir.Pravat e Bela estavam no antigo escritório do avô dele, dentro da mansão ancestral da família. Era um lugar raramente usado, com móveis de madeira escura, cheiro de couro antigo, estantes pesadas abarrotadas de livros jurídicos e comerciais, e lembranças pesadas demais para serem ignoradas. Ali, cercados por retratos de gerações passadas e objetos que contavam silenciosamente a história dos Arunraksa, eles vasculhavam arquivos escondidos atrás de uma estante falsa, revelada por um mecanismo secreto que Bela havia descoberto acidentalmente ao pressionar um símbolo entalhado de flor de lótus.O mecanismo rangeu como um sussurro de um fantasma, revelando um compartimento oculto de aço. Dentro dele, uma pasta antiga, protegida por uma manta de seda preta com b
O eco das palavras de Arun ainda pairava no ar, como uma lâmina suspensa sobre todos na sala. Após sua saída, o ambiente permaneceu mergulhado em um silêncio tenso, como se ninguém ousasse ser o primeiro a quebrar o feitiço que sua presença deixara para trás. Pravat permaneceu parado, sentindo o peso das palavras do tio ressoando em sua mente como sinos de alerta: “Nem todas as verdades são fáceis de suportar.”— Ele apareceu… — Bela murmurou ao seu lado, os olhos ainda fixos na porta por onde Arun saíra. — E com ele, tudo mudou.Pravat assentiu, mas não respondeu. Seu coração batia em um ritmo descompassado, como se tivesse acabado de sair de um campo de batalha. E, de certa forma, tinha. Um campo de guerra velado, onde as armas eram olhares, palavras e histórias enterradas.Sabia que não podia simplesmente deixar as coisas como estavam. A presença de Arun, tão repentina quanto ameaçadora, era um sinal claro de que o jogo havia escalado. Aquilo não era apenas uma disputa por poder —