O silêncio após a tragédia foi o mais ensurdecedor que Rosa já havia enfrentado.
Ela soube do acidente por uma ligação nervosa de um funcionário da segurança: o jato particular de Ricardo Trajano havia desaparecido dos radares. Nos dias seguintes, o que restou foi a confirmação: destroços encontrados, corpos não identificados, e nenhuma notícia concreta. A imprensa mergulhou em especulações, mas a maioria aceitava o óbvio — Ricardo estava morto.
Rosa, não.
Por fora, manteve-se firme. Por dentro, desabava. Sentia como se tivessem arrancado algo dela — algo que nem sabia que já era seu. Ricardo podia ter sido arrogante, controlador, implacável… mas havia mudado. E antes de desaparecer, ele havia se tornado alguém por quem Rosa começou, mesmo relutante, a se importar.
E mais: ele foi quem estendeu a mão quando todos a ignoraram. Ele foi quem a salvou do caos financeiro, da humilhação, da submissão. Ricardo havia acreditado nela — e agora, cabia a ela não deixar o legado dele ruir.
[…]
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