A manhã de segunda-feira parecia mais fria do que o habitual, mesmo com o sol já iluminando a cidade. Lívia acordara mais cedo, mas não pela ansiedade de trabalhar, e sim pela inquietude que vinha crescendo desde a conversa de sábado. O nome de Beatriz ecoava na mente dela como uma nota dissonante, impossível de ignorar.
O café da manhã foi tomado às pressas, quase sem sentir o gosto do pão ou do café. Enquanto se arrumava, tentava ensaiar mentalmente sua postura para aquele dia: profissional, centrada, inabalável. “Nada de olhares longos, nada de conversas que não sejam sobre trabalho. É só um dia como qualquer outro.” Tentava convencer a si mesma, mas o nó na garganta não cedia.
Chegou à empresa antes das sete, o salto ecoando no piso de mármore da recepção. Os corredores estavam silenciosos, apenas o som distante de impressoras e o murmúrio de algumas conversas de funcionários mais madrugadores. O ar condicionado lançava um sopro gelado, fazendo-a se encolher levemente.
Passou p