Nunca fui boa em perceber sinais antecipadamente. Mas naquele sábado, algo estava diferente.
Caio passou a manhã inquieto, indo e vindo pela sala com o celular na mão, espiando a varanda a cada cinco minutos, como se esperasse uma inspeção do clima. Eu tentei ignorar, achando que era alguma reunião com os sócios ou mais uma ideia mirabolante de aplicativo surgida na madrugada — ele tinha esse hábito de anotar tudo no bloco de notas do celular, do nada, como se fosse um gênio meio desorganizado.Mas quando ele apareceu na porta do quarto com aquela camiseta azul-marinho (a que eu disse uma vez que realçava os olhos dele) e o cabelo mais arrumado do que o normal, eu soube. Não sabia exatamente o quê, mas soube que não era um sábado qualquer.— Veste aquele vestido branco que você usou no jantar da empresa — ele disse, tentando parecer casual demais.— Tá me dando ordens agora?— Não. Só... sugestões com fortes intenções.