A rotina do evento não me dava muita folga para pensar, mas, ainda assim, em cada intervalo, em cada silêncio entre as palestras e apresentações, era Caio quem surgia na minha mente.
Curitiba me recebeu com um frio mais simpático do que eu esperava, e com uma agenda cheia de compromissos. Eu me esforçava para manter o foco, participava das reuniões, anotava os pontos mais importantes e trocava contatos, mas havia sempre uma parte de mim que parecia estar em outro lugar. Em São Paulo. Com ele.
Durante as refeições, eu via casais em mesas próximas e pensava nas nossas noites dividindo sobremesas, nas brigas bobas pelo controle remoto, nas piadas internas que só nós entendíamos. Era engraçado como a ausência dele realçava a presença que ele já ocupava em mim.
Mesmo longe, Caio se fazia presente. Enviava mensagens engraçadas ao longo do dia, mandava fotos dos pratos que tentava reproduzir sozinho em casa — com resultados duvidosos — e até gravava áudios narrando o trânsito como se fosse u