O fim do expediente chegou como uma lufada de ar fresco depois de um dia abafado. Ainda que o clima estivesse ameno, dentro de mim tudo parecia fervilhar — parte cansaço, parte ansiedade. Miguel havia sido mais contido hoje, talvez por perceber que sua insistência estava sendo ignorada, ou talvez por ter encontrado outra distração. De qualquer forma, não me importava. Queria distância.
Peguei minha bolsa, desliguei o computador e mandei uma mensagem para Caio: “Sobrevivi. Preciso de respiro. Você topa uma caminhada sem rumo?” A resposta veio segundos depois: “Te espero naquela padaria da esquina em dez minutos. Com um pão de queijo a postos.” Sorri sozinha enquanto saía da agência. As calçadas estavam movimentadas, mas meu foco era só ele. Quando cheguei, Caio estava de costas, sentado em uma das mesinhas externas, com o pão de queijo prometido e dois cafés. — Você é oficialmente meu heró