A campainha tocou antes das oito da manhã. Eu pensei seriamente em ignorar, mas a insistência do toque me venceu.
Abri a porta ainda com o rosto amassado de sono, o cabelo num coque improvisado e a camiseta de dormir meio torta. Do outro lado, uma mulher deslumbrante me analisava com um sorriso interessado.
— Você é a Lara?
— Depende. Se for cobrança, sou a vizinha.
Ela riu, um som leve, mas com uma pontinha de julgamento.
— Gostei. Sarcástica. Já começou bem.
A mulher entrou no loft como se fosse parte do imóvel e olhou em volta com naturalidade desconcertante.
— O Caio ainda mora aqui, né? Ele me prometeu café.
— Ele tá dormindo. E você é...?
Ela virou-se pra mim, tirando os óculos escuros da cabeça com um ar de atriz de novela às nove.
— Bia. Ou, como o Caio costumava me chamar: Bibi.
Senti imediatamente o impulso de recuar um passo.
Ela estendeu a mão, e eu apertei com hesitação.
— Primeira vez que a gente se vê, né? — disse ela, ainda me observando com a