Naquela noite, não consegui dormir.
Não por causa do barulho da cidade, ou do calor abafado, ou do sushi mal digerido. Mas por causa dele.Caio.Da forma como ele me olhou. Daquela maldita palavra — tensão — que ainda reverberava na minha cabeça como um sino.A tensão está aqui, sim. No ar, na pele, no espaço entre nossos corpos quando passamos um pelo outro no corredor estreito do loft. Ela se esconde nas piadas que soltamos para não dizer o que estamos realmente pensando. E, pior, ela está crescendo.Revirei na cama e peguei o celular. Duas e vinte da manhã.A parede do quarto dele era fina. Se ele respirasse fundo, eu provavelmente ouviria. Me perguntei se ele também estava acordado. Se pensava no jantar. No quase-nada que quase foi alguma coisa.Na manhã seguinte, levantei decidida a esquecer. Ou pelo menos fingir que nada estava fora do lugar. Coloquei uma camiseta velha com uma estampa de dinossauro e