A porta do loft se fechou atrás de mim com um clique suave, abafando os sons de São Paulo lá fora. Suspirei, aliviada. A entrevista tinha acabado há mais de uma hora, e Caio tinha me deixado na porta do prédio sem grandes comentários — apenas um “depois você me conta” acompanhado daquele sorriso de canto que ele usava quando queria disfarçar que se importava.
Deixei minha bolsa no balcão e tirei os sapatos, me dando o direito de alguns minutos de paz antes de encarar qualquer coisa. A casa estava silenciosa, exceto pelo som da panela de arroz borbulhando e um leve aroma de alho no ar.
Alho?
Fui até a cozinha com cautela, e lá estava ele: Caio Moreno, sem camisa, de avental — de avent... meu Deus — cortando legumes com a concentração de um chef de reality show.
— Isso é... um surto coletivo ou você está mesmo cozinhando? — perguntei, encostando na bancada.
— Boa noite pra você também — ele respondeu, sem desviar o olhar da tábua. — Achei que seria justo preparar o jantar, já que hoje v