Darlan
O som das máquinas ao fundo parece distante, abafado pela expectativa do que está prestes a acontecer. Hoje, não há negócios, não há reuniões, não há contratos a serem assinados. Hoje é um dia de acerto de contas. Um dia de vingança.
Os quatro miseráveis estão diante de mim, nus, tremendo, suas peles já marcadas pelas primeiras doses de dor. O medo é quase palpável, exala deles como um perfume amargo. Enrico, Delfin, José e Aníbal — quatro miseraveis, quatro traidores, quatro cadáveres ambulantes.
— Sentem-se — ordeno, apontando a chapa de ferro em cima do ralo. — Unidos. Agora.
Eles obedecem, sem discutir. Aço frio contra pele quente, e eu já imagino a cena que está por vir. Encaixo as algemas, unindo os quatro como um amontoado de carne apavorada. O silêncio deles é uma súplica muda, mas não estou interessado em piedade hoje.
Jogo a água, lenta, implacável, cada gota escorrendo pela chapa, preparando o terreno para o espetáculo. Com um movimento calculado, ligo o fio elétrico