Raissa
O desejo tem um jeito estranho de nos consumir quando menos esperamos. Não é algo sutil, nem delicado, é bruto, feroz, como uma tempestade prestes a desabar sobre a cidade. E hoje, ele me consome inteira.
Estou entediada, sentada naquela sala abafada, enquanto a professora escreve algo irrelevante no quadro. A voz dela vira um zumbido distante porque minha mente está em outro lugar, em outro homem. Daniel Malta. O nome ecoa dentro de mim como um segredo proibido. Quero sentir a boca dele na minha, as mãos dele no meu corpo. Quero acabar com esse jogo de provocações que nós dois estamos brincando há tempo demais.
Sem pensar duas vezes, pego o celular emprestado da colega ao lado, discando o número dele. O coração bate mais rápido ao ouvir a voz rouca e impaciente do outro lado da linha.
— Malta!
— Quero ficar à vontade com você hoje.
— Raissa, meu amor.
Há uma pausa carregada de tensão antes dele responder:
— Te encontro depois da aula. Fica perto do meu carro.
Assim que a aula