DavidO trabalho nunca para. Nem por um segundo. Enquanto o mundo lá fora segue girando, aqui dentro da presidência do Grupo Lambertini, eu e Darlan estamos submersos em relatórios, números e balanços que definem o império construido pela nossa família. Nada passa despercebido. Nenhuma falha, nenhum erro. Mas, para minha surpresa, ao analisar os dados do departamento de operações, algo chama nossa atenção. Pela primeira vez em muito tempo, aquela área parou de ser um problema. Nenhuma falha, nenhuma inconsistência, nada de perdas desnecessárias. Pelo contrário: os lucros estão muito acima das nossas projeções.— Isso está certo? — Darlan franze a testa, relendo os números.Eu também confiro mais uma vez, mas os dados são irrefutáveis.— Desde que Silvia assumiu, essa merda parou de dar dor de cabeça — murmuro, cruzando os braços. — Pelo visto, ela sabe o que está fazendo.Darlan solta um riso curto.— Não só sabe. Ela revolucionou essa porrah.Começamos a destrinchar cada detalhe, cad
Daniel Sem pensar, ligo para ela.— Daniel?— Preciso te ver. Agora.Não é um pedido. Nunca é.Meia hora depois, estou encostado no carro em frente à casa dela. Quando Raissa aparece, usando um vestido simples, mas o jeito que ele gruda nas curvas dela me faz querer rasgá-lo ali mesmo.— Pra onde vamos? — ela pergunta, deslizando para dentro do carro.— Um lugar onde a gente não precisa se preocupar com quem está olhando.O motor ronca enquanto eu dirijo até uma propriedade afastada da minha família, a casa de sempre… bem, para momentos como esse. Assim que entro na casa, a porta mal fecha atrás de nós antes que eu a imprese contra a parede.— Eu esperei o dia inteiro por isso. — sussurro, minha boca roçando o pescoço dela.Nossos corpos se encontram num frenesi de desejo, roupas sendo arrancadas com pressa. Não há nada suave nisso. É bruto, intenso, é sobre fogo e pele.Eu a viro de costas, fazendo com que ela apoie as mãos na parede, e me afundo nela com um único empurrão.— Porr
DerickEu olho para a tela do celular, os dedos cerrados ao redor do aparelho como se pudesse esmagá-lo. O maldito ícone de um gato rosa piscando de novo, Hello Kitty. O mesmo hacker desgraçado que parece estar sempre um passo à frente, jogando pistas, debochando da minha busca por Nara. E agora, não só me ridiculariza, como também me dilacera por dentro.A mensagem mais recente ainda brilha diante dos meus olhos, cada palavra um soco direto no meu orgulho já ferido:"Parabéns, papai! Embrião de 6 semanas. Beijinhos de luz! 💋😽"Acompanhada da ultrassonografia. O nome dela no canto da tela. Nara Silt. E lá, a confirmação que eu nem sabia que precisava, 6 semanas. O nosso filho. Um filho que ela carrega enquanto alguém brinca comigo, zombando da minha dor.— Filha da pu... — minha voz sai um rosnado gutural, e o copo de vidro que estava na mesa voa contra a parede, explodindo em mil pedaços.Minha mente é uma tempestade. Nara está grávida. E alguém está me vigiando, jogando pistas na
Daniel Eu nunca fui um homem indeciso. Sempre soube o que queria, sempre trilhei meus caminhos com firmeza, mas hoje, enquanto encaro os rostos sérios da minha família, sinto uma estranha sensação de peso no peito. Não é medo. É a certeza de que depois dessa conversa, nada será como antes.— Preciso falar com vocês — digo, a voz firme, mas o olhar oscilando entre minha mãe, Julia, meu pai, Luan, e meus tios, Allan e Dorothy. Estamos na sala de jantar da família Malta, um lugar que sempre me trouxe paz, mas hoje parece pequeno demais para conter tudo o que estou prestes a dizer.Eles me olham em silêncio. Sei que estão imaginando o pior, afinal, sou Daniel Malta. Sempre fui impulsivo, mas hoje estou calmo. Calmo demais.— Vou aceitar o convite — continuo, percebendo a tensão crescer no ambiente — vou integrar a máfia argentina.Um segundo de silêncio absoluto.— O quê? — A voz da minha mãe ecoa primeiro, cheia de choque e preocupação. — Daniel, isso não é uma brincadeira!— Eu sei, m
Don VittorioHá um momento na vida de todo homem poderoso em que ele percebe que o poder, por mais absoluto que pareça, é efêmero. Hoje, enquanto observo a luz suave da manhã atravessar as cortinas pesadas do meu escritório, sei que esse momento chegou para mim. O anel em meu dedo é o símbolo máximo da liderança da máfia, hoje parece mais pesado do que nunca. Não por causa do ouro, mas pelo legado que carrega.David. Meu primogênito. Meu herdeiro.Chamo-o ao meu escritório. A porta se abre de forma contida, e ele entra com aquele porte que sempre teve, misto de confiança e cautela. Não é um homem qualquer. É um Lambertini. E não apenas isso, é o homem que governará no meu lugar.— Pai? — A voz de David é firme, mas há algo nos olhos dele. Uma interrogação silenciosa.Levanto-me lentamente, sentindo cada momento do meu reinado pesar sobre meus ombros. Atravesso a sala, pegando uma garrafa de uísque, mas não bebo. Apenas encaro o líquido âmbar, como se buscasse respostas ali.— Chegou a
Don VittorioO poder não é dado, é tomado. E quando você o possui, não há espaço para dúvidas, apenas movimentos calculados.David já está pronto. Casou-se, e logo será pai. Tenho observado seu crescimento em silêncio, testando sua força, sua lealdade, sua capacidade de liderar. Agora, não há mais razões para adiar. Ele já atua como chefe, mesmo sem a cerimônia. Mas isso muda hoje.Pego meu telefone, a decisão já martelando em minha cabeça. A posse será marcada o quanto antes, e todos os que precisam saber, saberão.Primeiro, faço uma ligação direta para Maíra, eficiente como sempre.— Don Vittorio — sua voz firme ecoa do outro lado da linha em segundos, como se ela estivesse esperando a minha ligação. — O que o senhor deseja?— Prepare tudo para a posse de David. O mais breve possível. Quero todos os membros do conselho presentes. Envie os convites formais, mas garanta que a informação circule nos canais certos. Precisamos que isso ecoe, Maíra.— Entendido. Um evento discreto ou alg
Dias depoisDerickO silêncio é ensurdecedor. Meu quarto parece menor do que nunca. As paredes me oprimem, o ar é pesado, e cada segundo que passa sem respostas é como uma faca girando nas minhas entranhas. O único som é o estalar dos meus dedos enquanto cerro os punhos repetidamente, tentando conter a fúria que me consome.Hello Kitty.Esse maldito nome está gravado na minha mente como uma tatuagem ardente. Quem karalhos assina mensagens assim? Um psicopata? Um hacker debochado? Ou alguém que quer brincar comigo até me ver despedaçado?O último recado ainda pisca na tela do meu celular."Que fofinho… você vai ser papai! Beijinhos de luz. 🐱💖"Sigo lendo aquela porrah repetidamente, o sangue pulsando nas têmporas. Não bastasse isso, a ultrassonografia anexada escancara a realidade que estou tentando digerir há horas: embrião de seis semanas.**Meu filho, o meu primeiro filho ou filha.Nara está carregando o meu filho, e quem quer que seja esse desgraçado ou desgraçada, sabe disso ant
DavidA ansiedade corrói minha alma como um veneno silencioso. Amanhã, finalmente, serei empossado como Don, o título que desejei desde que tinha dez anos, mas que agora parece pesar toneladas em meus ombros. Cada batida do meu coração ecoa como um tambor de guerra, um lembrete constante de que estou a um passo de cruzar a linha entre o herdeiro preparado e o líder absoluto da máfia argentina. Não consigo pensar, não consigo respirar, e só há uma pessoa no mundo capaz de aliviar essa tormenta dentro de mim: Lizandra, sem pensar duas vezes ligo para a minha secretária.— Nina, cancele tudo — digo, a voz firme, embora uma faísca de urgência transpareça.— Tudo, senhor? — ela pergunta, hesitante.— Tudo. É uma ordem!Finalizo apenas um contrato e minutos depois, estou em casa. Entro como um furacão, as portas batem, meus passos ressoam pelo hall. Lizandra aparece na sala, os olhos arregalados, uma mão protetora instintivamente repousa sobre a sua barriga, onde nossas filhas crescem. M