Darlan
A lâmina da faca gira entre os meus dedos, o metal frio refletindo a luz fraca do meu escritório. O clique suave do canivete se abrindo e fechando ecoa pelo ambiente silencioso, um som que acalma a tempestade dentro de mim. Há algo quase poético nesse gesto repetitivo, abrir, fechar, girar. Assim como minha vida. Simples na superfície, mas repleta de segredos e intenções ocultas.
Sou Darlan Lambertini, o segundo filho do Don. E agradeço a Deus por isso.
Se eu tivesse nascido primeiro, seria eu o Don. O homem à frente de tudo, a face pública do império Lambertini. Teria que lidar com as negociações, com a política suja e os sorrisos falsos. Teria que me dobrar perante aliados e inimigos, fingir diplomacia enquanto meus instintos berram por sangue. Mas o destino me deu um presente: nasci depois.
David carrega a coroa. Eu carrego a lâmina.
E é assim que eu gosto.
Operar nas sombras, ser o homem que ninguém vê chegando. O fantasma que puxa o gatilho, a sombra que corta a garganta a