David
A água quente escorre pelo meu corpo, mas não é suficiente para lavar a angústia que carrego no peito. Meus pensamentos giram em torno de Lizandra, do desejo insano que tenho por ela, a sensação dos lábios de Lizandra nos meus, do cheiro dela, do calor de sua pele sob minhas mãos e da dor de sua recusa.
Fecho os olhos, tentando encontrar algum tipo de paz, mas tudo que vejo é o rosto dela, a lembrança do seu toque, do seu beijo.
Então, sinto mãos suaves em minhas costas. Não preciso abrir os olhos para saber quem é. O cheiro familiar de minha mãe me envolve antes mesmo de sua voz soar.
— Você está sobrecarregado, filho. Eu vejo nos seus olhos. — a minha mãe murmura, pegando a esponja e ensaboando minhas costas com delicadeza, como fazia quando eu era criança.
O gesto, longe de me incomodar, me acalma de um jeito que só ela consegue. Permito-me fechar os olhos por um instante, absorvendo aquele carinho que há tempos eu não recebia.
Depois de ensaboar e enxaguar minhas costas,