David
A escuridão lá fora é cortada apenas pelos faróis do carro. O ronco do motor parece distante, abafado pelo som da minha própria respiração acelerada. Lizandra está ao meu lado, a cabeça apoiada no banco, uma mão trêmula sobre a barriga. O sangue... aquele maldito sangue manchando suas roupas, manchando minhas mãos.
— Vai ficar tudo bem, amor. — Minha voz sai rouca, quase quebrada. Eu quero acreditar nisso, mas o terror corrói cada palavra. O gosto amargo do medo impregna minha língua, como se eu estivesse engolindo vidro.
Meu pai dirige como um louco, acelerando pelas ruas desertas, enquanto Liana vem logo atrás com as gêmeas. A cada curva fechada, a cada semáforo ignorado, eu sinto meu coração esmigalhar um pouco mais. Cada segundo parece uma eternidade, e cada gemido abafado de Lizandra me dilacera por dentro.
— Por favor, aguenta firme... — murmuro, mas minhas palavras são fracas, quebradas pela culpa. Eu deveria tê-la protegido. Eu deveria tê-la tirado de lá antes que Castel