O café da manhã estava silencioso.
Não era o silêncio confortável que eu costumava dividir com Enzo nas manhãs lentas, nem o silêncio respeitoso que pairava quando Luca aparecia com o jornal debaixo do braço. Era um silêncio tenso, como o instante antes da tempestade.
Senti isso no jeito que Marco manteve os olhos no celular o tempo todo, na forma como Rafael nem encostou no prato de frutas, e no olhar rápido que Enzo lançou para Luca assim que ele entrou na cozinha.
Eu mastigava devagar, tentando manter o foco no pão com manteiga, embora minha garganta parecesse mais apertada do que meu colar cervical da semana passada.
Luca se sentou à minha frente.
— Dormiu bem? — ele perguntou, a voz neutra.
Assenti, mas o olhar dele já estava além de mim, como se minha resposta fosse só protocolo.
Enzo apareceu logo em seguida, puxando a cadeira ao meu lado. Sentou-se sem fazer barulho, como sempre, mas havia algo inquieto no modo como seus dedos tamborilavam na perna.
— O que está acontecendo? —