Ponto de vista: Sara
A biblioteca da universidade estava quase vazia quando fechei o último livro. Os ponteiros marcavam 21h17. Tarde demais até para um dia comum. Mas eu precisava da distração — e da rotina. Sentir que a minha vida ainda era minha, mesmo que em partes pequenas.
Suspirei, coloquei os cadernos na mochila e me levantei. Meus passos ecoaram nos corredores silenciosos enquanto cruzava o campus. A noite estava úmida, com uma brisa que arrepiava a pele. Não vi ninguém além do vigia no portão, que acenou vagamente enquanto segui em direção à rua lateral onde havia deixado o carro de Luca.
Foi quando senti.
Aquela presença atrás de mim. Sutil, mas pesada. Como uma sombra muito próxima.
Parei.
E então ouvi a voz, baixa e cortante:
— Não grita.
Antes que eu pudesse reagir, senti o metal gelado da arma pressionado contra minhas costas.
— Anda. Sem truques. Sem drama.
Engoli seco, meu corpo inteiro entrando em estado de alerta. O pânico subia como uma maré, mas meu rosto ficou im