O sol de São Paulo, embora impiedoso em seu calor, contrastava drasticamente com a tempestade de sentimentos que outrora assolava Ana em Ilhéus. Uma semana se passara desde o convite para palestrar no Japão, e a euforia ainda a envolvia como um manto suave. Não era uma euforia desmedida, mas uma satisfação profunda, a concretização de um esforço hercúleo para se reconstruir. Ana havia aceitado o convite com a certeza de que aquele seria o próximo grande passo em sua jornada de ascensão – uma jornada que, embora profissionalmente brilhante, carregava em suas entranhas a sutil e implacável chama da vingança.
Naquela noite de sexta-feira, o studio de Ana, um refúgio de design minimalista e elegância discreta em Pinheiros, pulsava com uma energia diferente. Era a noite de seu coquetel de despedida informal antes da viagem para Tóquio, organizado por seus colegas mais próximos, chefes orgulhoso e suas esposas estavam presentes. O ambiente era um misto de risadas, música am