Narrada por Otávio
O jardim ainda estava úmido da tempestade. A terra escura soltava aquele cheiro denso e familiar, como se o mundo estivesse tentando recomeçar. Como se tudo quisesse se limpar.
Mas nada se limpava dentro de mim.
Meus passos eram lentos, firmes. O cascalho sob meus sapatos rangia como se protestasse pela manhã silenciosa. Alguns velhos já estavam sentados nas cadeiras do pátio, outros observavam da janela como fantasmas que ainda respiravam. Nenhum deles sabia.
Nenhum deles poderia saber o que havia acontecido na noite anterior.
O problema era que nem eu sabia. Não direito.
Aquela mulher… Marina.