Marina
A chuva tinha parado, mas o vento ainda soprava forte, fazendo barulho na estrutura antiga do casarão. Meus olhos estavam cansados, e mesmo assim eu relia o mesmo parágrafo do livro há quase dez minutos, sem conseguir me concentrar.
Levantei para fechar a janela. A cortina voou para dentro como um véu desgovernado, e naquele instante, ouvi um som baixo e seco — uma batida na porta.
Pensei em ignorar.
Mas a batida se repetiu.
— Quem é? — minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria.
— Sou eu.
A voz de Otávio. Firme. Baixa.