Scarlett POV

Meu casamento com ele era baseado em um contrato, e havia uma cláusula que dizia que podíamos desfrutar da companhia um do outro da melhor forma possível, mas sob nenhuma circunstância deveríamos nos apaixonar. Apesar de Nick ser bonito e encantador, eu nunca pensei que realmente acabaria me apaixonando por ele, talvez uma paixonite, aquele desejo de querer estar com ele, mas não a ponto de estar tão obcecada por ele como estava agora. Sim, eu havia quebrado o contrato, e estava com muito medo.

Hoje deveria ser um dia especial. Eu sabia que ele estava voltando de uma viagem de negócios, então, como uma boa esposa-troféu, saí para comprar uma lingerie bonita para surpreendê-lo esta noite, mas, aparentemente, eu nunca usaria aquela lingerie, já que ele agora estava pedindo o divórcio.

“Você se apaixonou por mim e quer que continuemos casados, Scarlett?” ele perguntou, ainda sentado na poltrona à minha frente, repetindo minhas palavras.

Assenti, sentindo-me fraca.

“Sim, Nick. Foi exatamente o que você ouviu. Eu não pude evitar…” gaguejei, sentindo-me pesada, como uma idiota.

Ele riu com ceticismo e se levantou, indo até a prateleira de bebidas e servindo-se de um copo de vodca.

“Não acredito. Você sabe muito bem que não deveria chegar a esse extremo, certo?” disse ele, como se estivesse me acusando.

“Eu sei, Nick. Mas não pude evitar, está bem?” expliquei, mas ele me interrompeu com uma risada sarcástica.

Levantei-me e me aproximei dele.

“Estou dizendo a verdade, Nick. Não há dinheiro no mundo que me faça querer ficar longe de você. Eu te amo tanto, não sei como vou sobreviver um dia sem você. É por isso que estou pedindo para você reconsiderar. Você disse que tem sido feliz até agora. Então, por que não podemos simplesmente continuar?” Tentei segurar sua mão, mas ele se esquivou do meu toque.

“Isso é um problema, Scarlett,” disse ele. “Você se apaixonar por mim é um problema, mas esse é o seu problema, não o meu.”

“O quê?”

“Você sabe muito bem por que me casei com você, e eu cumpri tudo o que estava no nosso contrato. O tempo que passamos juntos foi bom, mas acabou. Não é minha culpa se você se envolveu mais do que deveria. Sinto muito dizer, mas Haylee Boone está de volta a Miami, e você sabe o que ela e eu tivemos no passado,” disse ele.

Então era por isso. Claro, não era algo comum. Sua pressa em acabar com esse casamento de três anos era suspeita, ele até se deu ao trabalho de arrumar minha mala e tudo mais para me tirar daquela casa o mais rápido possível. Isso só podia significar uma coisa: Haylee Boone.

Anos atrás, Haylee era namorada dele. Estávamos na faculdade, e ele só tinha olhos para ela. Ela, com seus cabelos loiros, olhos claros e corpo esguio e sexy, era claramente uma conquistadora, enquanto eu sempre me sentia como o patinho feio perto dela. Diferente dela, eu nunca conseguia atrair a atenção de caras como Nick. E na faculdade, os dois eram o casal mais popular e feliz, até que Nick entrou em uma crise financeira, e ela o abandonou, casou-se com um cara rico e se mudou para a Europa. Ela literalmente o deixou, nunca o amou e só se importava com dinheiro. Então, como eu era amiga de Nick e sempre estive lá por ele, ele propôs esse contrato de casamento para que pudesse receber a herança de bilhões de dólares do avô. E agora, depois de todos esses anos, ela estava de volta e, sem pensar duas vezes, ele já queria me trocar por ela? Às vezes, os caras eram verdadeiros idiotas.

“Não me olhe assim, você sabe que sempre estive apaixonado por ela,” disse ele, suspirando.

“Você está apaixonado por ela agora?” perguntei.

Ele suspirou. “Não vou responder a essa pergunta. Me recuso.”

“Foi naquela viagem que você fez para a Europa, não foi? Você a encontrou novamente em Milão, certo?” deduzi, já imaginando que isso devia ter acontecido exatamente. Era a única maneira de meu marido chegar em casa e a primeira coisa que fazer ser arrumar minha mala e me mandar embora. Sim, havia um contrato entre nós, mas foram três malditos anos de ótima convivência e felicidade entre nós. Claro, eu o tratava como meu marido, e ele também me tratava como sua esposa, e isso acontecia tanto na frente dos outros quanto quando estávamos sozinhos, droga!

“Vocês transaram, não foi?” Minha voz estava falhando, e lágrimas pesadas caíam dos meus olhos.

“Para com isso, Scarlett,” disse ele, desconfortável, mas não negou. Sua expressão também o estava denunciando.

“Responda, Nick. Vocês transaram em Milão?” insisti, já chorando.

Ele rangeu os dentes e rosnou: “Eu disse para parar! Já falei que não te devo nada. Nosso casamento foi baseado em um maldito contrato, não é minha culpa se você acabou se apaixonando por mim.”

Com passos largos, ele foi até a mesa de centro onde eu havia deixado o cheque ao lado da sacola de compras com a lingerie que pretendia usar para surpreendê-lo esta noite, mas ele nunca saberia disso. Ele apenas pegou o cheque de 50 milhões de dólares e jogou na minha cara.

“Pegue esse maldito cheque e saia daqui. Me deixe em paz!” exigiu.

Balancei a cabeça, chorando copiosamente. O cheque caiu lentamente no chão.

“Já disse que não quero dinheiro nenhum, Nick… Por favor, não me deixe. Fique comigo, vamos fazer as coisas de forma diferente dessa vez. Sem contratos ou nada, só você e eu… E eu sei que no fundo você também me ama. Você não pode me dizer que o que passamos nesses últimos anos não foi amor, você não pode…!” Eu soluçava enquanto chorava e implorava.

Que se danasse o contrato. Ele era meu marido, eu sabia que ele me amava assim como eu o amava. Éramos feitos um para o outro, eu simplesmente não podia deixar essa ex-namorada dele destruir isso. Mas ele me olhou impassível e determinado.

“Não me faça fazer coisas das quais me arrependerei depois, Scarlett,” disse ele, baixo, mas ameaçadoramente. “Pegue esse maldito cheque e tire sua mala da minha frente. Nosso casamento termina aqui,” declarou, e então seguiu em direção às escadas que levavam ao andar superior sem nem olhar para trás.

Eu estava chorando, me sentindo impotente e sem rumo. Olhei para o cheque no chão, ao lado dos meus pés, e chorei mais. Então esse era o preço do meu amor? Eu sabia que nenhuma quantia de dinheiro me faria parar de amá-lo. Queria deixar o dinheiro ali, mas, infelizmente, essa era minha única garantia para sobreviver lá fora. Então, me abaixei, peguei o cheque, peguei minha mala também e saí, ainda chorando, me sentindo tão mal.