Havia claridade, sim — mas não vinda do sol. Era um fulgor leitoso, esparso, como se o céu tivesse esquecido como amanhecer. Os anciãos chamavam aquilo de Alvorada Velada, um presságio reservado para dias em que as decisões dos vivos ressoariam no domínio dos mortos.
Clarice abriu os olhos no centro do templo do leste, deitada sobre as pedras frias, onde havia passado a noite em vigília. Sua pele cintilava discretamente, como se as marcas prateadas pulsassem sob a derme em sincronia com algo maior do que ela. Algo… antigo.
Estamos em outra margem do tempo. — sussurrou Lyanna. Este não é mais um dia comum. A contagem virou.
Ela se ergueu sem pressa. O silêncio não era vazio, era respeitoso. As árvores curvavam-se como sentinelas. O vento, sempre tão inquieto, repousava como um guardião cansado.
Quando Clarice deixou o templo, Idran já a aguardava do lado de fora com dois canalizadores lunares. Um deles portava um elmo antigo envolto em pano sagrado. O outro carregava uma pequena urna d