Clara estava no apartamento, sentada à mesa com o manuscrito à sua frente. As palavras vinham lentamente naquele dia. A pressão da organização, a constante vigilância e o medo de que qualquer movimento errado pudesse ser fatal tornavam difícil focar em sua escrita.
Um som interrompeu seus pensamentos: batidas leves na porta. Ela franziu a testa. Não estava esperando ninguém, e Miguel não havia pedido nada naquela manhã. Cautelosamente, levantou-se e olhou pelo olho mágico.
Um entregador segurava uma sacola de comida, usando o uniforme de um restaurante que Clara não reconheceu. Ela hesitou antes de abrir a porta.
“Pedido para Clara,” disse o homem, entregando a sacola.
“Eu não fiz nenhum pedido,” respondeu ela, desconfiada.
“Eu só entrego,” disse ele, dando de ombros.
Clara aceitou a sacola e fechou a porta rapidamente. Ao abrir o pacote, encontrou algo que não esperava: uma carta dobrada entre recipientes de comida.
Clara pegou a carta com mãos trêmulas, olhando para o envelope branc