“Boa noite, Miguel,” veio a voz de Hector, cortês, mas com um tom calculado que o fez apertar o telefone com mais força. “Tenho um convite para você e para sua encantadora senhorita Clara. Jantar amanhã à noite. Quero discutir o progresso do livro e... outros assuntos.”
Miguel manteve a voz controlada. “Claro. Onde e a que horas?”
“Restaurante Le Soleil, às oito. Um lugar refinado, à altura da nossa conversa. Espero que tragam apetite e respostas,” respondeu Hector, com um sorriso perceptível na voz.
Antes que Miguel pudesse responder, a ligação foi encerrada. Ele largou o telefone na mesa, o maxilar tenso.
“Era Hector,” disse ele, levantando os olhos para Clara.
Ela congelou, largando a caneta que segurava. “O que ele queria?”
“Um jantar,” respondeu Miguel, o tom carregado de ironia. “Um jantar onde ele quer falar sobre o livro... e, provavelmente, nos lembrar de que estamos nas mãos dele.”
Clara sentiu um calafrio. A ideia de estar cara a cara com Hector a apavorava, mas ela sabia q