Capítulo 47
Clarisse Montuane
Eu não dormi naquela noite.
As luzes do corredor se infiltravam pelas grades da porta, recortando o quarto em linhas retas que me deixavam nervosa. Eu contava cada linha, cada feixe de luz, imaginando que se eu conseguisse memorizar tudo, conseguiria sair dali. Conseguiria provar que estavam todos errados. Que eu sou a vítima. Que tiraram meu filho.
Meu Tomás.
Meu bebê.
Meu coração apertou como se uma mão invisível estivesse segurando e torcendo devagar.
Eu não podia perder a cabeça.
Não agora.
Não quando tudo estava tão perto de ser revelado.
Ou era isso que eu repetia para mim mesma todas as noites… até as vozes na minha mente começarem a questionar se eu realmente lembrava de tudo.
O som da porta destrancando me fez endireitar na cama.
Hudson entrou devagar, como sempre fazia, com aquele sorriso terno que parecia me pedir para confiar nele.
Ele confiava em mim.
Isso era o importante.
— Você não dormiu de novo, Clarisse? — perguntou num sussurro, fechan