Capítulo 41
David Bellerose Neto
O volante tremia nas minhas mãos, mas não era por causa da estrada. Era por causa da frase que ecoava na minha cabeça desde o estacionamento.
“O que aconteceu com a Clarisse… não acabou.”
Eu dirigia no automático, como se meu corpo soubesse o caminho e minha mente estivesse presa em outro lugar. As luzes da cidade passavam pelo vidro do carro como riscos borrados. Cada semáforo parecia durar mais que o normal. Cada curva parecia estreita demais.
Eu não conseguia tirar da cabeça o rosto daquele homem.
O jeito que ele olhou pra mim. A calma assustadora. A certeza do que dizia.
E o mais estranho? Ele não pediu nada.
Não ameaçou diretamente.
Não fez exigências.
Ele só plantou o medo.
E foi embora.
Por que alguém faria isso?
Quando virei na nossa rua, senti meu peito apertar. Porque ali, naquela casa iluminada, estava tudo o que eu mais amava no mundo. Tudo o que esse desconhecido poderia destruir com uma frase, com um plano, com uma verdade que eu ainda nã