— Sabe Cereja, eu comprei bolinhos de morango pra você, são seus preferidos, né? — o silêncio no carro foi cortado por aquela pergunta. Confusa, ela franziu a testa tentando imaginar de onde vinha aquela informação, nunca tinha falado sobre aquilo para ninguém. Muito menos para ele, afinal não tiveram uma conversa decente desde o início. Sua intenção era fazer birra e ficar quieta, mas aquela pergunta mexeu com seu lado fuxiqueira, suspirando pensou que era muito azar que ela tivesse encontrado um homem que sabia exatamente como arrancar tudo o que queria dela.
— Uhum… como você… — sua voz era fraca, ainda estava com raiva e isso era um características irritante de sua personalidade, limpou a voz e tentou novamente — Como você sabe? — perguntou petulante, cruzando os braços em sua frente numa autodefesa, não queria se mostrar vulnerável, pois era exatamente assim que se sentia perto daquele homem. Ela sentia coisas que não deveria sentir. — Eu estava na Cakes & Cookies no dia que você chegou a cidade — ela descruzou os braços chocada, era o pior dos cenários. Ele riu da cara de chocada dela, com certeza ela se lembrava que parecia uma criança comendo aquela torta e tinha se sujado de chantilly — Devo acrescentar que ninguém lambe uma colher como você, Cereja — riu maroto. Aquela informação a chocou, ele a observava a um tempo já. — Você…. Es estúpido, maleducado, hijo de puta* — ela estava tão nervosa que sem querer sua língua nativa aflorou, ela mal percebeu isso. Estava irritada, ele era um desaforado e falava o que queria sem se importar com nada. Ela ficava louca com esse comportamento dele. (Tradução: *É um cretino, mal educado, filho de uma puta) — Ei Cereja, se você continuar enrolando sua língua linda assim, vai me deixar com mais tesão — ela ficou vermelha, virando para a janela e o ignorando — Vamos Lua, não é pra tanto, eu realmente cozinhei pra você — a voz dele agora estava permissiva, ela se odiou por querer perdoar ele tão imediatamente. Ele era impossível e ela sabia que isso um afrodisíaco a mais — Eu fiz até a receita secreta de panquecas da minha família, devem estar frias, porque você foi embora, mas eu fiz. Fora que eu lavei sua calcinha — a cara dela arrochou de vergonha e ele riu com mais gosto — Brincadeira, eu guardei como recordação — piscou para ela que o olhava com olhos estreitos. Ao parar em frente ao clube, ela suspirou, o que estava fazendo da sua vida? Ela deveria estar focada em seus estudos e não pronta para ir ao abatedouro. Olhou de lado, o homem que agora saia do carro como se nada tivesse acontecido. Ela sabia que ele era encrenca, mas porque ele queria estar com ela? Seu instinto lhe dizia que ele não era igual ao irmão, mas e se ele quisesse apenas se divertir com ela. Endureceu, decidida a acabar com aquilo naquele dia. — Vamos Cereja, eu tô morrendo de fome — ele gritou, enquanto ela saia do carro para lhe seguir. Quieta, ela observou que o clube estava em silêncio, ela imaginou que os homens deveriam estar trabalhando ou dormindo depois da orgia que ali deveria ter acontecido, torceu os lábios em desgosto. — O que você tanto pensa? — ele perguntou, vendo ela olhar em desagrado para sua casa desorganizada. — Nada — respondeu jogando a bolsa sobre a cadeira da mesa. — Vou passar um café, humm meu último café ficou água pura, acho que tenho que colocar mais pó — ele se movia pela cozinha com total desconforto, parecia que nunca tinha feito nada de comida na vida. — Você não é muito adepto a cozinhar, né? — ela perguntou, rindo quando ele colocou o pó na água fria. — Eu sempre compro comida — admitiu, coçando a cabeça. Ela observou que agora ele parecia mais perdido que antes, ela olhou pela primeira vez na mesa e riu com gosto ao ver as panquecas empelotadas que ele fez, o homem era um perigo para a saúde de qualquer pessoa. — Me dá, eu vou te ensinar. E vamos fazer novas panquecas, a sua empelotou — ela murmurou, tomando a frente para mexer na cozinha dele. Era a coisa mais intimidade que tinha feito com um homem, se enfiar nas coisas dele. — Bem que eu desconfiei que a aparência da panqueca estava diferente do que minha avó fazia, pelo menos está gostosa — para provar ele pegou um pedaço e levou a boca, cuspindo quase que imediatamente. Ela riu, ele pelo menos era divertido. — É, parece ser uma delícia mesmo! — zombou, pegando a batedeira, iria fazer massa de panquecas. — Se você não quiser me ensinar agora, tem o bolinho de morango ainda. Quando tu vier na próxima tu me ensina — deu de ombros, observando como ela transitava de forma confortável pelo ambiente. Ela ficou quieta, ele parecia ter certeza de que ela voltaria, e fazia planos a incluindo. — Se você não sabia cozinhar, porque você tá com essa cisma com fazer café? — ela perguntou de repente, isso só colocava mais desconfiança sobre ela, afinal ela tinha sido humilhada pelo irmão dele. Ele ficou quieto um tempo, debatendo se iria falar ou não sobre o assunto, até que sem aviso soltou. — Porque eu queria te agradar — ele não a olhou quando falou isso, era incômodo. Ela estava confusa, era óbvio que Noah Ferraz tinha um lado sensível que ela nunca imaginou, mas ainda assim, não conhecer suas intenções na totalidade a deixava desconfortável. Ela não queria ser alvo de pena de ninguém. — Não entendi… — ela tinha uma coisa com o café da manhã, era a refeição que ela mais gostava, porque quando o pai ainda tinha tempo para ela era a refeição que faziam juntos. — No dia que eu te vi comendo a torta de morango e lambendo a colher — ele riu quando ela o socou no braço — Eu vi você comentando com sua empregada, que o café da manhã era sua refeição preferida — ele murmurou. Ela o olhou abobalhada, ele estava a observando antes do acontecimento humilhante? O que isso significava? Ela estava muito confusa.De repente ela se lembrou da primeira vez que vou Noah Ferraz…Era final de novembro e depois do primeiro ano na cidade, finalmente ela tinha sido convidada para uma festa. Agora ela percebia que era inevitável que fosse acontecer, embora as crianças não gostassem muito dela e ela não tivesse muitos amigos, a influência de seus pais com certeza era um chamariz para outros pais.~~~Flashback on~~~— Você tá tão lindinha, meu amor – suas bochechas coraram o raro elogio de seu pai.— Falei com a Érica, ela disse que o Leandro está ansioso para vê você na festa – a mãe brincou, era óbvio que todos sabiam que ela tinha uma quedinha pelo menino. Era coisa de criança, é claro! Ela tinha só 7 anos, não poderia ser diferente.No caminho até a casa de Leandro, ela se perguntava se enfim seria chamada para a festa do pijama nas festas das meninas. Todo mundo tinha sido chamado, menos ela. Mas agora que o menino mais popular tinha convidado ela para festa, ela conseguiria ter amigos! Finalmente.
Ela ainda podia ouvir o som das risadas, a cara vermelha pela humilhação foi o que fez ela continuar, tinha que sair dali. Não! Precisava sair dali, de repente, era como se não pudesse respirar. Ela sentia dor, e era uma dor difícil de ser tratada, era uma dor na alma.Levará tanto tempo para se sentir bonita, sentir que era especial de alguma forma! Fora muito idiota, ao imaginar que alguém como Leandro Ferraz a olharia de outra forma. A olharia como mulher! Logo ele que tinha todas aquelas beldades ao seus pés, e ela totalmente fora do padrão estabelecido, tinha acreditado… como ela era burra! O intuito dele era humilhá-la e ela tinha deixado, tinha permitido aquilo.Sempre fora apaixonada por ele, toda sua vida! Desde que se reconhecia por gente. Ele foi uma presença constante na sua vida, seus pais muito ocupados para cuidar dela, a deixava sozinha com os empregados e naquela época, sendo vizinha da família Ferraz, brincava com o menino bonito… Leandro, eles tinha sido amigos quan
Parecia que ela estava em um sonho, tentava abrir os olhos, mas estes se encontravam muito pesados para abrir. A cabeça parecia que iria explodir, lembrava que tinha bebido muito, então provavelmente estava de ressaca, e pior, não sabia onde estava. A constatação de que o colchão abaixo de si parecia diferente do seu, abriu os olhos de repente, saltando na cama e se sentando, se arrependeu de imediato, voltando a cair deitada. Tentou se localizar buscando na memória se conhecia o local que estava, observou que parecia ser um quarto masculino, quase tudo em preto, inclusive os lençóis que estava deitada, olhou o espelho acima de sua cabeça e corou ao se dar conta de que era um daqueles tipos de espelhos de motel.Puta merda! Ela estava num motel? Observou em volta e respirou aliviada quando não percebeu nenhum outro elemento de motel, mas o alívio durou pouco, pois apenas um pervertido colocava um espelho no teto do quarto. Puxou o lençol e olhou para seu corpo, vestido ainda nas suas
Continuou andando, mesmo sabendo que aquele homem a seguia de perto. Não podia acreditar que tinha passado uma noite num lugar tão promíscuo quanto aquele e pior com o homem mais indecente daquele local. Trancou os dentes com raiva quando se lembrou da mulher nua, miando como gato, esperando sua 'festinha'.— Ei, Cereja — ele chamou de perto agora, pegando pelo seu braço, antes que ela pudesse escapar.— Para de me chamar assim — esbravejou, puxando o braço.— Calma, cere… quer dizer gata! Eu fiz um café da manhã pra você — ela observou que ele estava sem camisa e usava uma calça larga preta. Pelo bom senso da moda, esse cara só usava roupas pretas? Talvez ele gostasse do contraste que aquilo dava a sua pele branca e totalmente tatuada. Lembrou da única tatuagem que ela tinha e sua face perdeu cor — Ei, o que foi? — ele pareceu preocupado.— Você é um cretino — gritou furiosa. Ele pareceu se assustar um momento, mas depois abriu um sorriso de lado, achando a situação engraçada.— Isso