Um barulho de água correndo no banheiro me acorda.

Não faço ideia de que horas são, pode ser meia-noite ou meio-dia na escuridão desse lugar. Eu deveria me sentir sufocada pelo espaço sem uma janela sequer, mas acontece exatamente o oposto: nunca me senti tão segura antes.

Um filete de luz que vem do banheiro é suficiente para que eu me oriente no espaço, então, me sento e acendo o abajur.

— Você precisa descansar mais — a voz dele surge atrás de mim no instante em que decido levantar. — Não precisa trabalhar hoje.

Samiel está vestindo apenas uma calça jeans. Seu tronco, mal enxugado pela toalha, tem cheiro de sabonete, e o cabelo está molhado e bagunçado. E eu aqui, tendo que engolir o fato de que devo parecer um espantalho, de tão embolado que está meu cabelo.

Demoro a responder, minha atenção está tão presa no abdômen cheio de montinhos e no peitoral rasgado, que mordo o lábio sem perceber:

— Trabalhar me faz bem — sai meio atrasado.

Mas a verdade é que meu corpo está exausto, cad