Já passa das duas da manhã quando roubo uma garrafa de vinho da adega de Cael — que, na prática, já parece mais minha do que dele — e atravesso a portinha do terceiro andar, que dá para a escada de incêndio, externa ao prédio.
Vou investigar o terraço, como Zara aconselhou.
A cada degrau da estrutura de ferro, a brisa morna da madrugada levanta a barra do meu vestido e arrepia a pele nua das pernas. Mesmo sendo um prédio baixo, a rua elevada abre um horizonte inteiro só para mim.
Milhares de luzes acesas nos bairros vizinhos parecem minúsculos vagalumes urbanos. Ela tem razão: é mesmo lindo.
Apoio o corpo no parapeito e dou uma golada direto da garrafa.
— Qual o problema… — meu corpo quase salta de susto e por muito pouco a garrafa não cai da minha mão. — … das mulheres desse clã com as taças?
Me viro na direção da voz e encontro Samiel.
— Meu Deus, Samiel, você nunca vai para casa? — pergunto, por reflexo.
Então, quando o susto passa, meu corpo se torna muito ciente da presença del