O tatame é frio debaixo dos meus pés descalços. O ambiente inteiro tem cheiro de borracha e suor, e é bem menos iluminado do que uma área de luta deveria ser. Samiel está na minha frente, vestindo provocação, calça de moletom preto e blusa de malha cinza.
— Você devia apanhar muito das outras crianças — abre um sorriso implicante — nunca vi ninguém tão descoordenado assim.
Eu apanhava mesmo, mas esse idiota não precisa saber que está certo.
Fecho os punhos e avanço. Samiel desvia com facilidade, segura meu braço e gira meu corpo de costas para ele. Antes que eu entenda o que aconteceu, estou presa contra o peito dele, sem espaço para respirar.
— Primeira lição: nunca ataque sem pensar. — O sussurro dele roça minha orelha, a boca colada demais para ser inocente.
Por instinto, piso com força no pé dele e empurro o cotovelo para trás, atingindo seu estômago, que já parece recuperado. Ele solta um riso curto, e recua meio passo.
— Com um pouco mais de força, eu teria te derrubado — digo,