A casa estava silenciosa naquela tarde. Esperança dormia profundamente em seu bercinho, depois de mais uma mamada generosa. Isadora se espreguiçou no sofá, sentindo o corpo ainda pesado da recuperação. Fernando a observava com aquele olhar que só ele tinha — cheio de desejo, carinho e reverência.
— “Vamos tomar um banho, amore mio? Um daqueles bem demorados? Só eu e você… e a água morna?”
Isadora hesitou por um segundo. Ela sabia que precisava daquele momento. Precisava sentir-se limpa, leve… viva. Mas quando se levantou e tirou a camisola, os olhos baixaram para o próprio corpo. As marcas da gravidez, os seios pesados, a cicatriz ainda recente da cesariana. Sentiu o peso da insegurança surgir silenciosamente.
Fernando percebeu. Ele sempre percebia.
Ele se aproximou por trás, encostou os lábios no ombro dela e murmurou com firmeza, mas ternura:
— “Não abaixa a cabeça pra isso, Isadora. Olha pra mim.”
Ela o olhou, com um pequeno sorriso culpado.
— “Eu sei que isso tudo vai passar, mas…