RYDER
Ainda é noite quando acordo, o céu lá fora nem ameaça clarear. O silêncio é pesado, interrompido apenas pela respiração tranquila de Savannah, aninhada ao meu lado no sofá. Observo-a por um instante — as olheiras marcadas, o rosto sereno. Deve ser das primeiras vezes em dias que consegue dormir assim, profundamente. Não quero ser eu a tirar esse descanso, então levanto-me devagar, quase sem respirar, e sigo para a cozinha.
A luz fria da geladeira ilumina o ambiente quando a abro. Preciso de algo para beber, qualquer coisa que me faça esquecer o peso no peito. Pego uma cerveja e procuro o abridor. Assim que a tampa salta, ouço passos atrás de mim.
Hunter está ali, encostado ao batente da porta, com aquele ar de quem já está acordado há muito tempo.
— Bom dia — murmuro, sem grande vontade.
— Bom dia — responde ele, a voz baixa, mas carregada de tensão.
O clima entre nós é denso, como se qualquer palavra pudesse explodir numa guerra. Sento-me à mesa, levo a garrafa à boca e dou um