RYDERSeguimos para o The Country Bar em Creekville, de mãos dadas, eu e a Savannah. Só largo a mão dela quando preciso de mudar de velocidade, e mesmo assim, só por segundos. Há algo de certo, de completo, quando estou com ela assim, como se tudo o resto do mundo pudesse esperar. Sinto-me feliz, inteiro, e sei que ela sente o mesmo. O silêncio entre nós é confortável, só interrompido pela música country que toca na rádio e pelas luzes da estrada a passarem devagar.Quando chegamos ao bar, o ambiente já está animado. Uma banda toca clássicos country no palco, e vejo os meus irmãos numa mesa no canto, rodeados de copos, risos e aquela energia que só uma noite destas traz. Para minha pouca sorte, Paul e Andie também estão sentados com eles. Noto logo o desconforto de Savannah ao ver Andie, e isso incomoda-me. Gostava de lhe poupar a esse tipo de situações, mas não posso controlar quem aparece.Paul é um amigo de família de longa data. Os pais dele eram grandes amigos dos meus, mesmo dep
RYDERAcordo antes mesmo do sol nascer. O céu ainda está escuro, mas o rancho já começa a dar sinais de vida com os primeiros sons dos animais ao longe. Sinto uma sensação boa, tranquila, ao perceber Savannah a dormir ao meu lado, o cabelo espalhado na almofada, a respiração leve. Fomos para a cama tarde, mas não me importo de acordar cedo quando é assim, com ela aqui. Tento sair da cama com o máximo de cuidado para não a acordar, movendo-me devagar, como se qualquer movimento brusco pudesse desfazer este momento de paz.Vou até à casa de banho e tomo um duche rápido, tentando ser o mais silencioso possível. A água quente ajuda-me a acordar, mas a cabeça já está cheia de pensamentos sobre o dia que se avizinha. Visto-me depressa, calças de ganga, t-shirt e camisa aberta, pronto para mais um dia no rancho.Quando saio do duche, Bear já me espera à porta, a abanar a cauda, ansioso pela rotina da manhã. Sigo para a cozinha com ele atrás de mim, fiel como sempre. Coloco ração na tigela e
SAVANNAHAcordo quando sinto os raios de sol a entrarem pela janela e a baterem-me no rosto. Espreguiço-me, ainda meio adormecida, e só então noto que Ryder já não está ao meu lado. O quarto está silencioso, só se ouvem os sons do rancho a despertar lá fora. Pego no telemóvel e, ao ver as horas, sobressalto-me - já passa da hora de começar a trabalhar.Levanto-me num ápice, tomo um duche rápido e visto-me à pressa. Quando entro na cozinha, vejo um bilhete de Ryder pousado ao lado da cafeteira. Aproximo-me para ler, sorrindo ao ver as palavras dele escritas com aquela letra apressada:Bom dia, dorminhoca. Fui tratar dos animais. O café está feito. Vemo-nos já. Sorrio, sentindo o peito aquecer. Bebo o café que ele deixou preparado, saboreando cada gole enquanto penso nas últimas horas que passámos juntos. Sinto-me leve, feliz, como se tudo à minha volta fizesse finalmente sentido.Desço para o exterior e cruzo-me com Hunter, que não perde tempo a bombardear-me com tarefas.- Savannah, h
RYDERAssim que estaciono o jipe no rancho, o peso do que aconteceu com o Joe ainda paira no ar. Landon olha para mim antes de sair, com aquele olhar de irmão que diz tudo sem precisar de muitas palavras.- Se precisares de alguma coisa, é só avisares, Ryder.- Obrigado, Landon. - respondo, sincero.Ele entra em casa, deixando-me sozinho com a Savannah. Ela fica a olhar para mim, um pouco hesitante, e pergunta:- Estás zangado comigo?Fico surpreendido com a pergunta. Pego-lhe na mão, puxo-a para perto de mim e deposito um beijo gentil e carinhoso nas costas da sua mão.- Jamais iria ficar furioso contigo por causa de um idiota como o Joe. - abraço-a, sentindo o corpo dela relaxar contra o meu. - Anda, vamos para dentro.Subimos até ao andar de cima do estábulo, onde fica o meu apartamento. Bear recebe-nos com a alegria habitual, a abanar a cauda e a saltar à nossa volta, como se não nos visse há dias. Sorrio, sento-me na beira da cama e fico a observar Savannah enquanto ela pousa a m
SAVANNAHO vapor quente cobre o espelho da casa de banho, tornando o mundo lá fora ainda mais distante. Depois de atingir o clímax, fico deitada na bancada, o corpo a tremer de prazer, o peito a subir e descer enquanto tento recuperar a respiração. Ryder aproxima-se, beija-me delicadamente, e sinto na boca o meu próprio gosto salgado que ficou nos seus lábios. Sorrio, meio zonza, meio rendida.Ele olha para mim com aquele ar de quem não quer largar o momento.- Vamos pôr-nos na banheira - diz, a voz rouca e baixa.Vejo-o desligar a torneira. A banheira está cheia até acima, a água a fumegar, a prometer mais calor e mais abandono. Ryder tira as próprias calças e boxer, sem pressa, revelando-se por inteiro, sem pudor. O olhar dele cruza-se com o meu, e vejo o desejo a latejar-lhe no corpo, a ereção exuberante impossível de ignorar.Ele mete-se devagar na banheira, o corpo grande a afundar-se na água. Depois estende-me a mão.- Anda cá, amor.Entro a seguir, sento-me entre as suas pernas
RYDERSeco-me rapidamente e ajudo Savannah a secar-se, passando-lhe a toalha com cuidado, atento a cada detalhe. Gosto de cuidar dela. Fazê-lo dá-me uma paz que nunca soube que precisava. Ela sorri, agradece-me com um beijo doce nos lábios e, de repente, o seu estômago ronca alto. Não consigo evitar uma gargalhada.– Acho que está na hora do jantar, ruiva.Ela revira os olhos, mas sorri, e descemos juntos até à cozinha. Assim que entramos, encontramos todos reunidos: Hunter, Isaiah, Landon, a mamã e até a vovó Beth. O ambiente está animado, mas assim que nos veem, não perdem tempo a lançar piadas.– Olha quem voltou à terra dos vivos! – diz Hunter, com um sorriso maroto.– Estava a ver que já não vinham! – acrescenta Isaiah, piscando o olho.– Devem ter gasto a água toda do aquecedor – brinca Landon, rindo-se alto.Até a minha mãe, sempre mais reservada, entra na brincadeira:– Espero que tenham deixado água quente para o resto da família.E, surpreendentemente, a minha avó Beth, que
Narrado por Ryder SawyerEu nunca gostei muito de igrejas.Não que eu não acreditasse em Deus. Eu acreditava. Minha mãe sempre dizia que a fé era o que segurava um homem de pé quando tudo o mais falhava. E eu entendia isso. Mas igrejas me davam uma sensação estranha. Um silêncio pesado demais, como se o mundo estivesse esperando alguma coisa de mim.Mas naquele dia, eu estava ali.De terno preto, a barba recém-aparada, o nó da gravata apertando minha garganta. Com as mãos fechadas, os dedos roçando no tecido grosso das calças. Esperando.A capela era pequena, feita de madeira rústica, com vigas expostas no teto e janelas que deixavam a luz quente da tarde entrar. Rosas brancas e girassóis decoravam o altar, entrelaçados com fitas creme que minha mãe insistiu que ficariam bonitas. O cheiro de lavanda e madeira polida enchia o ar.Mas nada disso importava.O que importava era que ela ainda não tinha chegado.Passei os olhos pela capela, tentando me distrair. Tentando encontrar algum ros
Narrado por Savannah Wilder O horizonte se estendia como uma promessa distante. A estrada cortava os campos secos, esticando-se até onde meus olhos podiam alcançar. O céu estava tingido de laranja e rosa, o sol afundando lentamente no horizonte. E eu dirigia sem olhar para trás. O rádio tocava baixinho, mas eu escutava cada palavra. "Ain't no love in Oklahoma..." Luke Combs sempre soube colocar em palavras o que estava entalado no meu peito. "I keep runnin' but I'm standin' still Pray for peace but I need the thrill" Apertei os dedos no volante, sentindo o nó na garganta crescer.Porque era verdade. Não havia mais amor para mim em Oklahoma. Não depois que minha mãe se foi. Engoli seco e olhei para o banco do passageiro. A única coisa que me restava dela estava ali: uma velha caixa de sapatos cheia de fotografias amareladas e um colar que ela usava todos os dias. Agarrei o pingente entre os dedos, sentindo o frio do metal. — Eu tô tentando, mãe... — sussurrei, s