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— Que diabos esse homem quer? Casamento é algo sério, penso que é para a vida toda. Continuei a ler e, no final da folha, vi: “Não me apaixono! Durante dois anos de contrato, fará o que eu decidir.” “Aliás, mesmo não fazendo o meu tipo de mulher, estou propondo este casamento pelos murmúrios da sociedade.” Sorri e arregalei os olhos. — Ele está brincando comigo? O que ele pensa que é?

Me arrumei e fui até a casa dele, decidida a enfiar aqueles papéis na cara dele. Chegando lá, ele estava sem camisa, apenas com uma toalha na cintura. Cobri meus olhos com as mãos. Ele olhou seriamente e disse:

— Deixe de ser frescurenta. Entra e seja breve.

Entrei e percebi que ele era rico demais para o meu gosto. Romeu me serviu um uísque com gelo e limão. Peguei e bebi de uma vez só, pela coragem que me faltava. Com sua grosseria, ele murmurou:

— O que faz aqui na minha casa? Estou esperando. Não fique aí em silêncio.

— Vim lhe perguntar o que significa contrato de casamento para você?

Ele bebeu um gole de uísque e respondeu sem hesitar:

— Quero que finja que somos casados. Já aviso: não me apaixonarei por você. Não dormiremos na mesma cama, não haverá sexo entre nós. Não gosto que me toquem. Esses são os requisitos no contrato. Serve apenas para acabar com os comentários.

— Que diabos você é? Como pode ser tão frio e calculista? Temos que ser honestos um com o outro, mesmo que a verdade seja amarga!

— Não seja dramática!

Ele estendeu uma caneta para mim. Peguei a caneta, assinei e disse:

— Estou aceitando essa mentira para te ajudar, porque você vive na mesma mesmice. E digo com todas as palavras: eu farei você se apaixonar, Romeu Goz!

Romeu me deixou sozinha na sala após ouvir o que eu disse. Percebi que estava completamente só, à beira de um abismo. Como pude aceitar esse casamento? Anny, você está louca. A vida toda solteira e, agora, aceita uma proposta dessas? Por Deus, viverei no inferno. Voltei para casa e fui dormir.

No dia seguinte, havia uma mensagem SMS de Romeu:

“Desculpe-me pela minha indelicadeza de ontem. Você estava falando sobre algo que eu não conheço. O amor, para mim, está distante. Propus esse casamento porque não aguento mais os murmúrios das pessoas. Espero que me entenda um dia. Uma coisa: quando digo para não se apaixonar por mim, é porque, se isso acontecer, será uma bomba-relógio que irá explodir no meio e no final do caminho. Me perdoe. — R.G.”

O que há com esse homem? Há algo misterioso por trás disso tudo, e eu irei descobrir. Casar-me-ei e mostrarei a ele que o amor pode chegar. Um dia, seu coração baterá forte.

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Naquela manhã, acordei com os cabelos desgrenhados, o corpo exausto. Queria apenas voltar para a cama. Só Deus sabe como é a exaustão do dia a dia. Me olhei no espelho e me vi velha e acabada — uma mulher de vinte anos, sem sal, que não se amava.

Fui ao jornal, para o trabalho que eu mais amava. Mas estava exigindo demais de mim. Pela exaustão, trabalhei até o meio-dia. No meio da tarde, fui à empresa de Romeu. Estava nervosa. Minhas pernas tremiam até que caí na portaria do prédio. A cidade estava movimentada. O senhor Dilgene, porteiro, foi gentil ao me ajudar a levantar. A dor era tanta que achei que havia algo quebrado.

Pensei: _Como encontrarei meu futuro marido desse jeito? Estou com dor, não consigo andar... Por Deus, Anny, fazendo papel de idiota, mas irei assim mesmo. Tenho medo de me apaixonar por esse homem. Se isso acontecer, não pararei de sofrer pelo resto da minha vida.

Dilgene acenou para mim, chamando para entrar. Eu ainda estava pensativa sobre algo que nem havia acontecido. Respirei fundo e o acompanhei até a recepção. A funcionária era uma incompetente: me fez esperar horas, falava ao telefone, lixava as unhas... Saí dali e fui atrás do senhor Goz.

No caminho, encontrei Albert, um antigo funcionário das finanças. Perguntei por Romeu, ele me indicou onde era sua sala. Já havia ido lá, mas o prédio é enorme e os corredores, labirínticos. Bati na porta. Uma voz grossa e mal-humorada respondeu. Ele se virou e disse:

— Sente-se, senhorita Beltron. Deseja algo para beber?

Balancei a cabeça, recusando. Cruzei as pernas. Achei que ele havia olhado para elas, mas me enganei. Seus olhos estavam fixos no meu rosto. Como se algo em mim o incomodasse. O senhor Goz era sério demais para se incomodar com bobagens — quero dizer, com sedução. Preciso saber os limites do meu futuro esposo.

— Observei que grifou alguns parágrafos. O que tem neles? — Romeu perguntou.

— Gritei procurando razões óbvias para entender como será nossa convivência. Somos adultos, senhor Goz. Há mistérios no que me pede, como este: o contrato tem validade de dois anos, com separação de bens. Após o término, cada um leva o que é seu. Mas antes do fim do contrato, digo uma coisa: não quero nada que seja seu!

— Não seja infantil, Anny. Isso faz parte de um divórcio. Ah, mais uma coisa: a partir de hoje, você não voltará mais para sua casa. Vai morar comigo. Vamos?

— E minhas coisas, estão lá?

— Esqueça a senhorita Anny. Deixe tudo no passado. De hoje em diante, será a senhora Goz.

Revirei os olhos, assustada. Minha vida de antes acabava ali: meu apartamento, minha liberdade... Espero que tudo valha a pena. Caso contrário, morrerei amargurada e sozinha na solidão.

Romeu pegou na minha mão, puxando-me pelos corredores. Todos nos cumprimentaram, e os murmúrios começaram ao ouvirem a novidade: depois de anos, eu era oficialmente a esposa de Romeu Goz.

Fui surpreendida por um beijo molhado, senti a maciez de seus lábios. Faltou-me o ar. A partir daquele momento, não poderia mais haver difamações. Eu sorria o tempo todo. A mão de Romeu suava e molhava a minha. Quando tentava soltá-la para enxugar, ele a segurava com ainda mais força.

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