O avião particular decolou ainda sob o manto escuro da madrugada, cruzando os céus em direção a Montevidéu. Do lado de dentro, a cabine estava silenciosa, iluminada apenas por uma luz tênue. Caio lia atentamente o dossiê enviado por Helena, enquanto Júlia mantinha os olhos fixos na janela, observando as nuvens se dissolverem como fumaça sob a luz da aurora.
— Ele se chama Adalberto Galvão. — disse Leandro, por chamada de vídeo. — Foi contador do Grupo Simões durante dez anos. Depois que descobriu irregularidades nas contas de uma subsidiária em Bogotá, tentou denunciar internamente. Foi silenciado. Pediram demissão em seu nome, congelaram seus bens e, dias depois, tentaram matá-lo em um acidente forjado.
— E ele sobreviveu? — perguntou Júlia.
— Sim. Fugiu do Brasil com documentos que provam a existência de contas offshore, evasão de divisas e suborno de agentes públicos. Está escondido há três anos.
— E por que resolveu falar agora? — perguntou Caio.
Leandro hesitou.
— Porque viu a en