Já passava do meio-dia quando Dom, ainda sem coragem de bater na porta, respirou fundo diante do quarto de hóspedes. Forçou a voz a sair calma:
— Marvila… o almoço está pronto. Fiz churrasco. Venha comer.
Alguns segundos de silêncio se seguiram. Então, a maçaneta girou devagar. Marvila abriu a porta, cabisbaixa, sem encará-lo. Ajustou a sandália nos pés e caminhou atrás dele em direção à área externa.
A mesa estava posta no quintal, sob a sombra da varanda. O cheiro da carne recém-tirada da brasa preenchia o ar. Dom puxou uma cadeira para ela, mas Marvila sentou-se em silêncio, ajeitando a roupa sobre a barriga.
Ele passou a mão pelo rosto, nervoso.
— Eu preciso falar uma coisa… — começou, hesitando.
— Eu te vi… sem roupas, mas foi sem querer. Eu não fiz por mal. Me perdoe.
Marvila permaneceu em silêncio, cortando um pedaço de carne no prato. Não levantou os olhos.
Dom suspirou fundo, se servindo também.
— Eu estou nervoso com tudo, Marvila. Não sei como acertar com você. Parece que t