Meu nome é Evie Moretti.
Esposa há dez anos de Luca Moretti — o homem que, com minha ajuda, se tornou CEO de um império. Construímos juntos. Lado a lado. Ou pelo menos foi o que eu pensei.Hoje, eu descobri que, durante todo esse tempo, eu não passava de um curativo…
Um substituto para o amor da vida dele.Agora estou aqui.
De pé, no parapeito de um viaduto alto e movimentado, o vento gelado cortando meu rosto, pronta para deixar a gravidade decidir o resto da minha história.Mas não é apenas por saber que ele ama outra que estou aqui.
Eu talvez tivesse aceitado viver com as migalhas dele… Se não fosse pelo que ouvi hoje.Mais cedo…
Entrei em casa sorrindo.
No mercado, havia comprado frutas frescas para preparar um café especial. Hoje fazia exatamente dez anos desde que nos conhecemos.Acreditava que estávamos bem.
Sempre vivemos nossa vida de forma discreta — nada de redes sociais, nada de exibir felicidade para estranhos. Minha mãe sempre dizia: “Felicidade só se compartilha com quem amamos.” E eu amava Luca. Com cada pedaço de mim.O toque do celular quebrou minha paz.
Era Ana Clara, minha amiga de longa data.— Ana? Quanto tempo! Como você está?
— Evie… me responde de coração aberto: como estão as coisas com o Luca?
— Estão bem. Ele não tem mais agido como um idiota quando volta do trabalho… sabe como era, né?
— Hm… — ela pigarreou. — Amiga… preciso te contar uma coisa.
Meu coração apertou.
— Fala. Você está me deixando nervosa.
— Luca acabou de sair do meu consultório. Com uma mulher. Vou te mandar a foto.
A mensagem chegou.
Abri. E meu chão sumiu.Era Cassandra.
A ex-namorada. O amor da vida dele. A mulher que, anos atrás, me enviava mensagens dizendo que ele só estava comigo para esquecê-la.— Ela… está grávida, Evie. Poucas semanas. — a voz de Ana tremeu.
Meu corpo inteiro gelou.
Cada lembrança se tornou uma peça de um quebra-cabeça cruel. As separações repentinas. As desculpas esfarrapadas. Ele sempre voltava… mas não por mim. Sempre por ela.Voltei ao presente.
As frutas ainda na sacola. Meu peito queimando, minha cabeça zunindo. Não chorei. Não dessa vez. Limpei a cozinha, preparei o café, vesti minha blusa branca e salto alto — os que me deixavam mais alta que ele.Coloquei uma música sexy, abri o uísque.
Eu não ia passar por isso outra vez.E então… a ligação.
— Evie… quero terminar. — disse, frio, como quem fala sobre o tempo.
Apertei o copo até doer.
— Você está livre, Luca. Amanhã meu advogado fala com o seu. Felicidades.
Desliguei antes que ele pudesse dizer mais.
Saí.
Sozinha. Com a garrafa de uísque na mão e o coração em frangalhos. Andei pelas ruas frias, a cidade brilhando sob as luzes. O destino me levou até aqui.A brisa gelada no rosto.
A água lá embaixo. O silêncio cortado apenas pelo som distante dos carros.— Você é um idiota, Luca! — gritei para o nada. — E eu fui mais idiota ainda por não ver!
Fechei os olhos.
Me inclinei para frente. Entreguei meu corpo à gravidade.E foi quando uma mão firme agarrou o meu braço.