Florence ficou paralisada por um momento, mas a razão rapidamente a trouxe de volta à realidade. Ela e Lucian jamais poderiam ficar juntos. Agora, não havia filhos, nem casamento forçado, nem qualquer conexão que os unisse. Só havia ódio. O mais importante é que Daphne não havia fugido grávida desta vez. Um arrepio percorreu o corpo de Florence, como se tivesse sido arrancada de um verão escaldante e jogada em um inverno congelante. Cada poro de sua pele parecia tremer. Ela apertou os lábios e disse: — Tio, essas palavras são melhores para dizer à sua mulher. Vou terminar de cuidar do seu ferimento, mas você deveria arranjar um tempo para vê-la. Ele deveria ir se despedir de Leopold, o filho que havia tido em sua vida anterior. Talvez Florence tivesse se tornado fria. Quando soube que Daphne planejava abortar o filho, além de um leve susto, ela não sentiu absolutamente nada. Nem sequer pensou em avisar Lucian, porque, se ele impedisse, seria inútil. Leopold era uma cria
Os colegas de trabalho, ao ouvir Florence mencionar a doença de Daphne, ficaram igualmente curiosos. — É verdade, Daphne, que doença você teve? Porque, se for algo contagioso, não teria se recuperado tão rápido assim. — Você está tão radiante que nem parece que esteve doente. — Comentou outro colega, observando-a com atenção. O olhar de Daphne hesitou por um breve instante, mas logo foi substituído por um sorriso confiante e despreocupado. — Não foi nada sério, só um resfriado. Mas o Lucian exagerou, sabe como ele é... Ficou preocupado comigo, achando que fosse algo pior, então ficou ao meu lado o tempo todo. — Ele ficou ao seu lado o tempo todo? — Florence perguntou, com uma expressão de dúvida, enquanto olhava fixamente para Daphne. Daphne, percebendo a deixa, caminhou até Florence com passos firmes. Seus dedos deslizaram propositalmente pelo colar extravagante que usava, como se quisesse chamar ainda mais atenção para ele. — Claro que ficou. Ele é assim, não suporta me
Meia hora depois, a funcionária da cafeteria bateu na porta e entrou carregando várias sacolas com os pedidos. Por educação, um dos colegas pegou a primeira xícara e a entregou a Daphne. — Daphne, experimente primeiro. Esse café dessa cafeteria é muito bom. Daphne olhou para o copo de café gelado pela metade com gelo. Sua respiração ficou irregular por alguns segundos. Pelo canto do olho, ela viu Florence já segurando sua xícara e tomando um gole com aparente satisfação. — Uau, realmente delicioso. — Comentou Florence, aproveitando o momento. Daphne não teve escolha a não ser dar um pequeno gole no café. Ela manteve o líquido gelado na boca por alguns segundos antes de engolir. — É, está bom mesmo. Uma colega, que nunca simpatizou com o jeito artificial de Daphne, lançou um comentário com um tom irônico: — Daphne, você só vai dar um golinho tão pequeno assim? Não gostou do café que escolhemos? A imagem pública de Daphne era a de uma mulher elegante, generosa e acessív
Florence suspeitava que o filho de Daphne talvez não fosse de Lucian. Por isso, ela começou a fazer perguntas para Lyra sobre os homens que poderiam estar envolvidos com Daphne. No entanto, até aquele momento, não havia conseguido nenhuma pista concreta. Ainda assim, ao observar o comportamento nervoso de Daphne, Florence sentia que sua teoria estava cada vez mais próxima da verdade. Nos quatro dias seguintes, Daphne, mesmo maquiada com perfeição, desaparecia repentinamente por alguns momentos. Florence sempre a encontrava escondida no depósito, gemendo baixinho de dor. Parecia que, conforme o médico havia mencionado, o aborto com medicamentos não tinha funcionado. Forçando-se a aguentar mais dois dias, Daphne finalmente ficou tão pálida que nem o blush conseguia disfarçar. Foi só então que ela inventou uma desculpa para sair e finalmente ir ao hospital. Florence, com o pretexto de entregar algo, aproveitou para segui-la discretamente. Daphne foi até o consultório do médico q
Kaué estava se preparando para os atendimentos da tarde, mas sua expressão era visivelmente tensa. Nesse momento, outro médico passou pelo corredor e lançou-lhe um olhar curioso. — Dr. Kaué, por que você não foi almoçar? Também não te vi descansando no consultório. Onde você estava? Kaué se assustou visivelmente, deixando cair o que segurava nas mãos. Ele sorriu de forma constrangida e respondeu: — Estava me preparando para uma cirurgia. — Cirurgia? E precisava se preparar tão cedo assim para um procedimento pequeno? Nos dias de hoje, um aborto nem era considerado uma cirurgia de verdade. — A paciente estava com medo, então conversei um pouco com ela para tranquilizá-la. — Disse Kaué, mantendo o sorriso, embora gotas de suor começassem a escorrer por sua testa. O outro médico não desconfiou de nada, apenas assentiu e seguiu seu caminho. Florence, observando de longe, afastou-se da multidão e saiu apressada, seguindo na direção em que Daphne havia ido. Daphne, claramen
Florence ficou chocada com a atitude do homem, mas o que veio em seguida a deixou ainda mais atônita. — O filho foi embora, e daí? Nada nesse mundo é mais importante para mim do que você. — Disse o homem, enquanto segurava o rosto de Daphne com as mãos. Ele passou os dedos pelos cantos dos olhos dela, limpando qualquer resquício de lágrimas, e, sem aviso, a beijou. Daphne ficou paralisada por um momento, mas logo empurrou o homem para longe. — Você está louco? Isso aqui é um hospital! E se alguém nos vir? — Você não gosta? — A voz do homem mudou para um tom debochado e provocador. Ele não soltou o rosto de Daphne, ignorando completamente o tom irritado dela. Com um gesto autoritário, ele voltou a beijá-la, sem dar espaço para recusa. No início, Daphne tentou se desvencilhar, mas, após alguns segundos, ela cedeu. Suas mãos subiram e envolveram o homem, e os dois começaram a se beijar com uma intensidade crescente, ao ponto de os ruídos dos beijos ecoarem no ar. Florence fi
Por causa da pressa e do nervosismo, Florence pisou em falso no gramado macio e acabou torcendo o tornozelo. O celular escorregou de sua mão, deslizou pelo declive e caiu direto no lago artificial. Ela nem se preocupou em tentar recuperar o celular. Com o coração disparado, Florence rapidamente se escondeu novamente entre os arbustos. Do outro lado, o homem demorou alguns segundos para chegar até os arbustos, já que estava protegendo Daphne, mas logo apareceu. De repente, um pequeno gato pulou do mato, parou para lamber as patas e soltou um miado leve. O homem deu de ombros, segurou Daphne pela cintura e tentou retomar o que estavam fazendo. — É só um gato. — Disse ele, despreocupado. Quando ele se aproximou de Daphne, no entanto, foi empurrado por ela com um gesto de irritação. — Para com isso. Eu já disse que não estou me sentindo bem. O homem, ao ouvir isso, imediatamente tirou sua jaqueta de couro e a colocou sobre o casaco de Daphne, cobrindo-a com cuidado. Daphn
Florence não pôde permanecer ali por muito tempo. Após garantir que ninguém estava por perto, ela saiu rapidamente do esconderijo. Tentou correr, mas uma pontada aguda de dor no tornozelo a fez parar. Ela mordeu os lábios, suportando a dor, e foi mancando até a beira do lago artificial. Ao avistar o celular, Florence se deitou no chão, inclinando o corpo quase completamente para alcançar o aparelho. Com muito esforço, conseguiu pegar o celular, mas, devido ao tempo que ele passou submerso, ele já não ligava mais. Florence se levantou, segurando o celular na mão, e tentou encontrar um equilíbrio. Ela precisava urgentemente de um lugar para consertá-lo. No entanto, ao dar o primeiro passo, sentiu uma dor tão intensa no tornozelo que se viu obrigada a se agachar novamente. Ao levantar a barra da calça, Florence percebeu o estado do tornozelo. Depois de torcê-lo antes, ela ainda usou uma postura desconfortável enquanto estava escondida no mato, o que piorou a situação. Agora ele es