Capítulo 3
Assim que pisei na Residência Pereira, os seguranças começaram a me chutar e me obrigaram a ficar de joelhos.

Antônio me lançou um olhar frio, como se eu fosse um lixo.

— Vai ficar ajoelhada aqui fora um dia e uma noite.

No inverno rigoroso, com roupas finas, fiquei ali.

Na minha frente tinha uma câmera. Antônio segurou meu queixo e advertiu:

— Você machucou minha neta, vou mostrar aos seus pais como a filha deles sofre sob meu castigo!

Olhei para a pequena câmera, e um sorriso amargo surgiu.

Eles se enganaram: eu não era a filha preciosa deles, não sentiriam pena de mim.

A noite se arrastou lentamente. Minha visão ficou turva, e desmaiei.

Acordei com um balde de água gelada e um pé esmagando minhas costas.

— Quando bateu na Srta. Beatriz, era tão ousada, agora olha como está fraca!

Cuspi sangue, que se espalhou sobre a neve branca, como uma flor sangrenta.

Antônio bufou e recebeu uma faca, deslizando-a pelo meu rosto.

— Minha neta ficou com três cicatrizes, você vai me devolver dez vezes isso.

Tremi de medo e, desesperadamente, fechei os olhos. Senti uma dor aguda nas bochechas.

Gritei e me debati, cobrindo o sangue que escorria pelo rosto.

No entanto, do outro lado, meus pais e Leon estavam celebrando no jantar que Viviane havia escapado de sua punição.

Três dias depois, apareci diante de Leon, toda marcada de feridas. Ele ficou surpreso, sem me reconhecer.

Dois segundos depois, olhou para mim com preocupação e lágrimas nos olhos:

— Clara... você sofreu tanto... Pode ficar tranquila, vou compensar você! Vou cuidar de você por toda a minha vida!

Ele me abraçou, mas evitou meu olhar ao ver meu rosto ferido.

Cinco anos antes, ele se apaixonou à primeira vista pelo meu rosto, dizendo que eu era a garota mais bonita do mundo.

Leon me perseguia loucamente. Ele me dava presentes caros e enxugava as minhas lágrimas ao ouvir sobre as injustiças da minha família.

Prometeu me dar uma nova vida, felicidade e alegria.

Naquele tempo, ele realmente me amava.

Mas quando tudo começou a mudar? Talvez tenha sido no casamento, quando os olhos de Leon encontraram Viviane, que era igualzinha a mim, mas tinha uma fragilidade e um rosto que despertaram o instinto protetor.

O homem que tinha se apaixonado pelo meu rosto, também se encantou por Viviane.

Até pelo frescor da novidade, passou a preferi-la.

Pensando nisso, empurrei Leon com repulsa e subi para o andar de cima.

Pouco depois, ouvi-o na varanda conversando com meus pais:

— Ainda bem que só feriu o rosto, sem machucar outras partes, senão, o teste de medicamento seria complicado.

Cada palavra dele era uma lâmina atravessando meu coração.

Naquele instante, pensei que talvez a morte fosse um alívio, pois finalmente tudo aquilo acabaria.

Com os olhos vermelhos, abri a porta e vi Viviane deitada na minha cama.

Ao notar minhas cicatrizes, primeiro ficou surpresa e depois começou a rir, batendo no colchão até ficar sem fôlego.

A força de seus gestos não mostrou nada de doente.

Desde cedo, eu sabia que ela fingia estar doente. Na escola, eu via a minha irmã jogar seus remédios no bueiro.

Na época, eu até contei aos meus pais, mas só ganhei tapas e xingamentos.

— Clara, você finalmente não se parece mais comigo. Agora seu marido vai desistir de você de vez.

Ela acariciava as cicatrizes no meu rosto, como uma cobra venenosa exibindo suas presas.

— Pode desistir. — Segurei o seu pulso, dizendo baixinho: — Ele agora é todo seu.

O teste de medicamento começaria em três dias, e minha vida estava chegando ao fim.

O remédio faria efeito, causaria erupções, vômitos e dor intensa.

Por fim, provocaria problemas respiratórios, parada cardíaca, deixando meu corpo frio e em decomposição.

Como os meus pais e Leon reagiriam?

Ficariam chocados ou com receio? Talvez ficassem tristes, derramando uma lágrima por mim?

Eu sabia que não. A minha ausência não os deixaria em luto; só os deixaria mais aliviados.

Três dias se passaram, e meus pais e Leon me levaram pessoalmente ao Centro de Pesquisa Médica.

Na porta, meus pais abraçavam Viviane, como se o teste já tivesse dado certo:

— Finalmente seus dias difíceis estão acabando, Viviane! Depois, vamos comemorar com um grande banquete e sua comida francesa favorita! — Leon segurava a mão dela, sorrindo ternamente ao dizer: — Quando você ficar bem, vamos viajar pelo mundo.

Era eu que ia para o “cárcere” do experimento, mas toda atenção permanecia em Viviane.

Embora já estivesse acostumada, eu ainda sentia a dor cortante da vida chegando ao fim.

Então, não pude evitar e perguntei:

— Vocês vão ficar tristes se eu morrer no laboratório?
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