Capítulo 2
Minha mãe ficou em choque e bateu levemente no meu ombro.

— Que besteira é essa? Como você não vai precisar? Embora Leon também seja rico, você não pode desprezar a herança da Família Alves!

Observei meus pais ansiosos e quase fiquei zonza. Desde pequena, nunca recebi cuidados como esses.

Devido à demora no meu parto, a Viviane nasceu fraca. Desde o seu nascimento, sinto-me em débito com ela.

Em nossos aniversários, eles rodeavam Viviane, cantavam parabéns, e só depois de a embalarem até dormir é que se lembravam de me desejar feliz aniversário.

As gêmeas de outras famílias vestiam roupas iguais, mas a de Viviane sempre era muito mais cara, e por isso eu era zombada na escola.

Eu me sentia uma estranha, observando a felicidade deles como uma família completa.

Às vezes pensava que seria melhor se eu tivesse nascido depois: fraca, mas recebendo todo o amor do mundo.

Ainda assim, Viviane nunca estava satisfeita, ela sempre brigava e disputava tudo comigo.

Quando namorei, mesmo que ela tivesse seu próprio perfume caro, ainda tentava roubar o meu.

Depois do casamento, ela se tornou ainda mais ousada, tentando até roubar o amor de Leon por mim.

Chorei, reclamei, e tudo o que conseguia era a irritação dos meus pais e o afastamento do meu marido.

No final, tudo que eu fazia estava errado.

Antes eu poderia tentar me justificar, mas depois de tantos anos, eu estava exausta.

Vendo que eu não falava nada, meus pais voltaram a se concentrar em Viviane à mesa.

O prato dela estava cheio das iguarias que normalmente seriam compartilhadas entre eles.

Segurei meu garfo e faca, cortando silenciosamente as verduras.

Viviane me olhava com um sorriso presunçoso: nenhum sinal de fraqueza, só provocação.

Nos dias seguintes, meus pais passaram a mimá-la ainda mais. Ela se tornou uma verdadeira princesa.

No jantar, Leon a empurrou para o centro, agachando-se para alimentá-la com um pequeno pedaço de bolo.

Os convidados, olhavam para eles e depois para mim, com olhares cheios de escárnio.

Senti os olhares de zombaria e baixei a cabeça, balançando a taça de vinho, sem dizer uma palavra.

De repente, ouvi um estalo próximo à orelha.

— Sua desgraçada! Como ousa derrubar vinho em mim?

Levantei a cabeça e vi Viviane puxando o cabelo de uma menina, chutando sua cintura.

Por fim, pegou um copo de vidro e atirou. O rosto da garota se encheu de sangue, e ela começou a chorar desesperadamente.

Ao ver o rosto da menina, meus olhos se arregalaram ao perceber que aquela era a jovem herdeira da Família Pereira, a família mais rica da Cidade Santa Aurora.

Viviane saía pouco de casa nos últimos anos, então não sabia quem eram os nomes importantes da sociedade.

Preparei-me para intervir, mas já era tarde.

Em instantes, os seguranças a cercaram. Antônio Pereira, vendo a neta ensanguentada, explodiu de raiva e declarou diante de todos:

— Se alguém ousar ajudar os Alves, passará a ser inimigo da família Pereira!

Naquele dia, os meus pais imploraram desesperadamente, mas o Antônio permaneceu inflexível e nos expulsou.

Em casa, Viviane chorava no sofá. Embora estivessem irritados, os meus pais sentiam mais pena do que raiva.

Certo dia, eles foram visitar antigos parceiros comerciais, reduzindo o lucro pela metade e suplicando por cooperação.

Finalmente, a Família Pereira cedeu.

A condição era que minha irmã Viviane deveria pedir desculpas pessoalmente e aceitar a punição.

Ao ouvir a notícia, meus pais não conseguiram sorrir. Como poderiam permitir que a filha preciosa fosse humilhada?

Olhei para eles friamente e fui para o meu quarto.

— Você vai no lugar da Viviane. — Leon bloqueou a porta e disse : — Vocês são gêmeas, quase idênticas, ninguém vai notar. É só uma pequena punição, você não vai recusar, vai?

Pequena punição? A amargura tomou conta do meu peito. Todos sabiam que o Antônio era implacável.

Quem o desafiava podia até sobreviver, mas ficaria com sequelas físicas.

Leon, mais familiarizado com os negócios e com os riscos, não se importava. O importante para ele era proteger Viviane. Minha vida não tinha valor.

Baixei a cabeça e silenciei quando ouvi os meus pais empolgados elogiando Leon.

— Clara, ele tem razão. A sua irmã é fraca demais para aguentar. Vá você no lugar dela. — Meu pai praticamente exigiu. — Mas tente se proteger, afinal, logo será a vez do teste de medicamento.

Olhei para os quatro à minha frente, cansada, e forcei um sorriso:

— Tudo bem, eu entendi.

Enquanto me virava, olhei de relance para Viviane, que estava toda satisfeita, e pensei: se eu morrer, quem vai enfrentar tudo por ela? Como ela vai se virar?

Atrás de mim, Leon e meus pais riam ao redor de Viviane, como se tivessem resolvido um grande problema.

Eu olhei para o quarto escuro e apertado, sentindo uma lágrima escorrer pelo meu rosto.

Secando-a apressadamente, decidi jogar fora tudo que havia no quarto.

Não sobrava muito; só tinha alguns itens de uso diário e alguns porta-retratos, uma foto da família e a minha certidão de casamento com Leon. Fiquei parada por um instante, e depois, sem hesitar, joguei tudo no lixo.

Exausta, deitei-me na cama. De repente, senti um gosto metálico na garganta.

Cuspi sangue no lençol branco.

Nesse momento, Leon abriu a porta. Instintivamente, cobri a mancha com o travesseiro:

— O motorista da Família Pereira chegou.
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