A primeira coisa que Lua sentiu foi o vento, frio, denso, cortando o ar como se viesse de outro mundo.
Quando abriu os olhos, o chão sob ela não era mais o piso irregular da toca das raposas, era pedra, pedra escura, fria. O cheiro do lugar era familiar, terra molhada, ferro, fumaça. Ela conhecia aquele cheiro, era a Lua Sangrenta.
Era sua casa.
Mas algo estava errado.
O céu estava encoberto, não pela noite, e sim por uma sombra viva. A lua, sua lua, estava completamente coberta, um eclipse total tingindo tudo de vermelho, e a floresta parecia respirar em silêncio, o ar pesado, parado, até que então veio o som, um uivo, não um uivo qualquer, era profundo, arrastado.
Lua se virou, o coração acelerando. Lá estava ele, de pé no centro do campo, o corpo erguido, a cabeça voltada para o céu. Atlas, em sua forma de lobo, uivava com uma força que parecia rasgar o ar, o som atravessando o vale, ecoando pelas árvores. Algo nele era errado, o uivo vibrava com poder.
— Não… — Lua sussurrou, co